Vinho faz bem para o coração? especialistas do HGE explicam

02/06/2023 14:48

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Assessoria

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Muito se fala sobre os benefícios do consumo diário de uma a duas taças de vinho. Entre eles, a proteção das artérias e leve diminuição da pressão arterial. Mas será que é mito ou verdade que ele traz benefícios à saúde? O cardiologista Adelson Miranda e a nutricionista Graça Cavalcante, ambos profissionais do Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, esclarecem esta dúvida.

O cardiologista Adelson Miranda, reforça que tomar vinho, moderadamente, pode prevenir doenças cardiovasculares. “O vinho tinto, preferencialmente, atua na redução das lipoproteínas de alta densidade (colesterol LDL), aumentando o colesterol de baixa densidade (colesterol HDL)”, explicou o médico. 

Segundo ele, isso impede a formação de placas de gordura nas artérias e vasos sanguíneos, e melhora a elasticidade das veias e a circulação. Evitando infartos, entupimento das artérias e outras doenças graves relacionadas ao coração. 

O cardiologista do HGE ainda destacou que, segundo uma pesquisa da Queen Mary University of London publicada na revista Nature, o vinho tinto também consegue reduzir a síntese de Endothelyn 1, também conhecido como E-1, um peptídeo vasoativo que é crucial para o desenvolvimento de aterosclerose coronária. Contudo, é importante ressaltar que, o consumo de vinho em altas doses eleva os níveis tensionais, aumentando a pressão arterial.

Com isso, há grande risco de a pessoa desenvolver um Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido como derrame cerebral, trazendo prejuízos à saúde. Além disso, é importante ressaltar que, ao ingerir vinho, por ser uma bebida alcoólica, não se deve dirigir qualquer tipo de veículo automotor.

Equilíbrio

“A base da ação protetora deriva da uva, porque esta fruta contém uma molécula chamada de resveratrol. Uma das ações desse polifenol no corpo humano é cuidar da saúde do coração, além de ter ação preventiva ao câncer e minimizar o envelhecimento precoce por ser um antioxidante poderoso”, explicou a nutricionista Graça Cavalcante. 

Ela atentou que há pessoas que não devem ingerir quantidade alguma de álcool, pois os prejuízos são muito maiores do que os benefícios. Como por exemplo os portadores de arritmias cardíacas e cirrose hepática. No primeiro caso, a bebida afeta o ritmo dos batimentos cardíacos, o que pode desencadear as arritmias ou agravá-las. E no segundo, o álcool pode danificar as células do fígado, podendo causar ou agravar a cirrose hepática.

“Quem tem gastrite ou outras doenças relacionadas deve tomar cuidado com a quantidade de álcool ingerida. Em geral, é permitido o baixo consumo, mas sempre com orientação médica. E quem tem triglicérides altos, precisa ficar atento, porque o nível sanguíneo dos triglicerídeos tem relação direta com o consumo de bebidas alcoólicas. Por isso, o consumo de bebidas alcoólicas pode elevar os índices”, explicou.

A nutricionista do HGE também citou aqueles que têm histórico de alcoolismo, gravidez ou diabetes. “Não recomendo o consumo de vinho por diabéticos, estes devem ser acompanhados pelo médico. Já o consumo de bebida alcoólica na gestação pode provocar má formação do feto. Por isso, quem estiver programando engravidar deve parar o consumo de álcool. E, quando há casos de alcoolismo na família, é necessário evitar o álcool”, alertou.

Graça contou que, recentemente, a revista da Associação Médica Norte-Americana (Jama), publicou um artigo com dados de 5 milhões de pessoas, afirmando que o hábito de tomar vinho não protege contra enfermidades cardiovasculares nem ajuda a viver mais como se pensava. “Eles ressaltam que não têm nada a ver com a bebida e sim com a fruta. Particularmente, acho a conclusão do artigo certeira”, pontuou. 

Para a nutricionista do HGE, ter uma alimentação rica em alimentos que contenham polifenóis já é o suficiente para a saúde do organismo. “É bem mais interessante ir direto à fonte e, para os casos citados, principalmente. Para proteger o coração de forma segura, o ideal é adotar uma alimentação rica em alimentos in natura”, recomendou.

Primeira Edição © 2011