O que estaria faltando para o impeachment?

23/02/2021 19:40

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Romero Vieira Belo

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Diante de dezenas – mais de 60 – pedidos para afastar o presidente Jair Bolsonaro, por motivos os mais diversos e alguns deles configurando ‘crime de responsabilidade’, impõe-se saber: o que falta para o Congresso decretar o impedimento do capitão?

Setores da mídia repisam ultimamente a tese de que quem desencadeia o impeachment é o povo na rua, e não o peso dos segmentos que estão requerendo a abertura do processo.

Pode ser, mas antes que os movimentos populares surgissem organizados atraindo o povo às ruas, o impeachment da petista Dilma nasceu de uma iniciativa do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que aceitou o pedido de instauração do processo subscrito por inúmeras personalidades, dentre as quais a advogada (hoje deputada estadual por São Paulo ), Janaína Paschoal.

A partir daí, a ideia de destituição de Dilma ganhou corpo, cresceu e, com crescentes manifestações populares, a presidente perdeu apoio político e a própria capacidade de sobrevivência.

Há, porém, quem insista: sem povo no asfalto, nas praças, impeachment é só um discurso retórico. Será? Ou precisamos de mais clareza para definir quem vem primeiro – o ovo ou a galinha? O processo aberto no Congresso Nacional ou o ‘grito rouco das ruas’? É ponto para uma discussão alongada.

O que prevalece – e isso não é teoria, mas uma verdade histórica – é que a desestabilização de governos, aqui e em qualquer parte do mundo – resulta, sempre, de bancarrota econômica. Déficit orçamentário, gastos em excesso, descontrole financeiro, nada disso abala o governo. O poder perde estabilidade, de fato, quando a crise financeira atinge o bolso da população.

Só para lembrar: Collor caiu, com impeachment, por causa da inflação e do descontrole inflacionário; Dilma desorganizou a economia, conteve artificialmente os preços da energia elétrica e dos combustíveis, até que o represamento estourou, deixando o povo mais pobre liso e endividado. Daí o impeachment.

Com Bolsonaro não será diferente. A agonia popular e seu transbordamento será avaliado quando não houver mais auxílio emergencial. Será o grande teste para o capitão.

 

DE FRENTE LIBERAL A ADESISTA DE OCASIÃO

De tanto fisiologismo (para ficar no mais brando), o PFL, que começou como Frente Liberal, teve de mudar de nome: virou Democratas ou apenas DEM. Agora, com o adesismo de seu presidente nacional, o herdeiro ACM Neto, o DEM começa a perder o que ainda tem de bom nos seus quadros, como Henrique Mandetta e Rodrigo Maia. E corre o risco de, mais adiante, ter que mudar mais uma vez sua nova e já desgastada denominação.

 

RENAN: “POLÍTICA NÃO COMPORTA ARRUAÇA”

O senador Renan Calheiros aplaudiu a decisão do plenário da Câmara de manter preso o deputado Daniel Silveira por ataques ao Supremo e apologia ao AI-5: “A Câmara dos Deputados fez um asseio. Lugar para elementos como Daniel Silveira não é o plenário. A votação foi um recado para outros desse tipo: tenham modos e se deem ao respeito. A política não comporta arruaça”.

 

SUPREMO TESTA NOVO COMANDO DO CONGRESSO

Já houve críticas mais pesadas a ministros do STF e apologias mais enfáticas ao regime militar, sem prisões. O que o colegiado do STF fez, nesse episódio de Daniel Silveira, foi testar o novo comando do Congresso, principalmente o da Câmara, onde um terço dos parlamentares respondem a processos na Suprema Corte, começando pelo presidente Artur Lira.

 

DEPUTADO ERROU AO ‘CONFIAR’ NOS COLEGAS

O erro fatal de Daniel Silveira foi confiar no corporativismo da Câmara.  Calculou e apostou cegamente que a maioria dos colegas o livraria da desgraça. Claro que se fiava, também, na intervenção do presidente Bolsonaro, a quem rende continência. Seu pedido de desculpa, no instante da decisão, não funcionou.

 

 

LUTO PELA MORTE DA MÃE DO SENADOR RENAN

A mídia nacional registrou, no último dia 11, o falecimento da Sra. Ivanilda Calheiros, mãe do senador Renan Calheiros e avó do governador Renan Filho. Viúva do mestre Olavo Calheiros, dona Ivanilda morreu aos 87 anos, vítima de choque séptico após infecção abdominal aguda. Deixa os filhos Renan, Remi, Olavo, Robson, Renildo, Rosa, Rosângela e Rachel.

 

ALAGOAS PERDE EX-DEPUTADO ROBERTO TORRES

A coluna também registra com pesar (e atraso, por conta de toda essa situação de pandemia) o falecimento de Roberto Torres. Líder político sertanejo, filho de Água Branca, exerceu por três vezes o mandato de deputado estadual, em um deles assumindo a presidência da Assembleia Legislativa. Também foi deputado federal de destaque participando da Assembleia Constituinte.

 

Primeira Edição © 2011