O verdadeiro milagre alagoano e o 'socorro' federal

05/01/2021 16:26

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Romero Vieira Belo

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Inquestionável que o auxílio emergencial ajudou os estados. O socorro financeiro alimentou os pobres, mormente os que perderam a condição de sobrevivência por causa do isolamento social. A pandemia fechou a economia, desertificou as ruas do país e deixou milhões sem renda, isto é, sem o ganha-pão. Aliás, poderia ter sido mais crítica, a ajuda, se o Congresso tivesse aprovado apenas o valor de R$ 200, inicialmente proposto pelo governo. Ainda bem, acabou sendo elevado para R$ 600.

Agora, o que não faz sentido é dizer que sem ajuda federal Alagoas teria entrado em estado agônico nesse período de surto epidêmico. Nada a ver. Precisamente nesse lapso de crise sanitária, o governo de Alagoas fez investimentos vultosos com recursos próprios do Tesouro estadual. Construiu grandes hospitais, rodovias, investiu na humanização das grotas de Maceió, abriu escolas de tempo integral e, de quebra, pagou em dia ao funcionalismo. E ainda se deu ao ‘luxo’ de antecipar em 40 dias a liberação do 13º salário dos servidores em geral.

Ora, se o governo local devesse tudo isso a repasses extras do governo federal (lembrando que as transferências constitucionais não entram na conta), seria forçoso cobrar dos demais estado uma tão formidável agenda de investimentos. E, no entanto, sabe-se que muitos governos estaduais estão sem condições até de pagar a folha de pessoal e o abono natalino.

Estado falido não investe coisa nenhuma, mesmo recebendo ajuda federal. Alagoas investiu porque, seis anos atrás, o governo local fez rigoroso ajuste fiscal, fechou secretarias e órgãos perdulários, cortou gastos e renegociou sua dívida para com a União. Resultado: sobraram recursos para investimentos em áreas vitais como saúde, educação e segurança e não faltou – pelo contrário – para gastos contínuos com obras do sistema viário estadual.

Ao reduzir os juros da dívida pública, o governo Renan Filho fez gerar uma economia substancial, mês a mês, possibilitando o superávit que bancou os investimentos feitos até agora. Isso explica por que Alagoas ri, enquanto outros não param de gemer.

RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA FOI GOL DE PLACA

A renegociação da dívida pública de Alagoas, feita sob influência do senador Renan Calheiros, então presidente do Senado, gerou economia mensal de cerca de R$ 50 milhões, com redução dos juros. Teotonio Vilela, quando governador tentou, sem sucesso, derrubar os juros. Renan Filho insistiu, insistiu – e conseguiu.

 

RUI PALMEIRA PODE ABRIR BANCA PARA ADVOGAR

O ex-prefeito Rui Palmeira volta à iniciativa privada (advogar seria uma das opções) e ainda não tem projeto político definido. Aliados mais próximos ao herdeiro político de Guilherme Palmeira avaliam que, em 2022, Palmeira poderá disputar um cargo majoritário, mas, preferencialmente, concorrerá a uma cadeira na Câmara dos Deputados.

 

PALANQUE DESARMADO, TRANSIÇÃO SEM PROBLEMA

A transição em Maceió se deu em clima de total urbanidade. As equipes de Rui Palmeira e JHC se entenderam o tempo todo. Nada de contratempo. Faltou, no final, divulgar um resumo do que o ex-prefeito passou para o novo, com prioridade para os números referentes às finanças do município.

 

A CONVERSA FIADA DA CÚPULA PETISTA

O PT não engana mais ninguém. Após ensaiar apoio a um adversário de Artur Lira, o comando nacional do partido abriu o jogo: só apoiará Baleia Rossi, do MDB, se ele se comprometer a desengavetar pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Ou seja: sinaliza que vai votar, secretamente, no bolsonarista Artur Lira.

 

PAÍS DO PAPA FRANCISCO APROVA ABORTO

O Senado acaba de aprovar o direito de aborto às mulheres argentinas. A decisão foi comemorada com carnaval, apesar da pandemia. O mundo atual é isso aí: o primeiro país latino-americano a aprovar a liberação do aborto é o mesmo país que se orgulha de ter como filho o papa Francisco, líder da Igreja que não aceita a prática abortiva sob qualquer justificativa.

 

BRASIL TEM ROMBO DE R$ 700 BILHÕES EM 2020

O rombo orçamentário brasileiro, que alcançou cerca de R$ 140 bilhões na transição de Dilma para Temer, saltou agora com R$ 700 bilhões por causa da pandemia. Somente o auxílio emergencial sugou R$ 300 bilhões do Tesouro federal. Para se ter uma ideia, o Bolsa Família custa R$ 35 bilhões.

 

TRISTE EXEMPLO PARA A HISTÓRIA

Com toda confusão vista até aqui, e com um Ministério da Saúde acéfalo, o Brasil entrará para a história ensinando como não se deve agir durante uma pandemia. Na contramão do mundo, o governo brasileiro bombardeou o isolamento social  e, de quebra, criou mil dificuldades para definir um plano de vacinação coletiva. Antes, aliás, desestimulou a imunização.

 

Primeira Edição © 2011