"Objetivo é multar e arrecadar dinheiro", diz diretor-presidente Carlos Gouveia
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Quando denúncias e críticas partem de deputados ou vereadores, “é coisa de políticos”. Quando provêm de motoristas, “é a turma que viola a lei e quer moleza”. Quando saem dos órgãos de comunicação, “são interesses contrariados”. E quando é feita pelo presidente do próprio Departamento Estadual de Trânsito, um órgão técnico como o Detran, é o quê?
Pois bem, a declaração a seguir não é de algum dos personagens citados na abertura desta matéria, mas de Antônio Carlos Gouveia, presidente do Detran-AL, em entrevista concedida à Rádio Gazeta na última terça-feira, 5 de setembro:
"Há quem diga que eu sou contra o pardal, mas não é isso. Eu só acho que o pardal tem que ser colocado onde há comprovação de acidentes por meio de estatísticas. Encher a Pajuçara de pardal pra quê? Acontece acidente por ali a toda hora? Isso é para multar, para arrecadar dinheiro? Claro que é! É preciso observar as estatísticas".
Antônio Carlos Gouveia até que demorou a se manifestar, a se insurgir contra a ‘epidemia de pardais’ na cidade, como disse o deputado Ronaldo Medeiros, da tribuna da Assembleia Legislativa, pois seu posicionamento público só ocorreu depois que a sociedade fez coro contra o que todos chamam de ‘indústria de multas’, ou em expressão mais apropriada, em esquema montado para engordar a receita da Prefeitura através de uma unidade orçamentária com liberdade para encher os cofres.
Na entrevista, Carlos Gouveia mencionou medidas simples que podem mudar a realidade do tráfego de veículos nas ruas e avenidas e conter a incidência de acidentes na capital. Um exemplo: a diminuição dos acidentes no cruzamento do 'Borrachão' na Fernandes Lima. Lá, houve um aumento de 10 segundos no tempo de abertura do sinal, o que fez reduzir significativamente as ocorrências.
- O que são dez segundos? Nada. Mas esse pequeno tempo num cruzamento da Fernandes Lima fez diferença – assinalou Carlos Gouveia Gouveia, observando, por outro lado que (devido a atribuições funcionais definidas em legislação específica) o Detran não pode interferir na autonomia da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito.
O excesso de multas contabilizadas após a implantação da fiscalização eletrônica (estima-se que somente no primeiro semestre a SMTT faturou mais de R$ 18 milhões com infrações nas ruas da capital) provocou uma onda de críticas e protestos dos mais diversos segmentos da sociedade, com um ponto consensual: a adoção dos pardais em Maceió (os radares haviam sido desativados na gestão de Cícero Almeida) tem por objetivo não evitar acidentes ou poupar vidas, mas tirar a Prefeitura da situação de falência que impediu, inclusive, o prefeito Rui Palmeira de repor as perdas inflacionárias nos salários dos servidores.
O prefeito em exercício, Marcelo Palmeira, considerou “naturais” as críticas do presidente do Detran, minimizou os protestos contra o excesso de muitas e disse que ele próprio já foi multado por violar limite de velocidade.
Um condutor, informado sobre a posição do vice-prefeito, reagiu:
- É, quem ocupa cargo público e ganha dinheiro vindo do bolso do povo pode reagir dessa forma. Queria vê-lo trabalhando, dando o duro e ganhando salário mínimo e, aí sim, aplaudir os pardais.
Mais pardais começarão a
multar no próximo dia 30
A partir do próximo dia 30, conforme anúncio já feito pela SMTT, novos pardais estarão funcionando nos seguintes pontos da capital alagoana:
- Avenida Menino Marcelo (cruzamentos com os conjuntos José Tenório e Henrique Equelman);
- Avenida Rotary (em frente ao Condomínio Recanto da Rotary);
- Avenida Josefa de Melo (próximo ao Parque Shopping Maceió);
- Avenida Muniz Falcão (em frente à FAT);
- Avenida Assis Chateaubriand (próximo à entrada do Pontal da Barra e à fábrica de Gelo Sorriso);
- Avenida Silvio Vianna (entre as barracas Lopana e Kanoa);
- Rua Empresarial Jorge Montenegro Barros (na Santa Amélia, próximo à empresa São Francisco);
- Avenida Durval de Góes Monteiro (em frente à Dona Valmira);
- Avenida Governador Afrânio Lages (próximo ao Residencial Vale do Sol);
- Rua do Imperador (cruzamento com a Rua Barão de Atalaia, Centro);
- Rua Barão de Atalaia (cruzamento com a Rua do Imperador);
- Rua Melo Moraes (cruzamento com a Rua do Sol);
- Rua do Sol (cruzamento com a Rua Melo Moraes).
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