Mulheres maceioenses continuam sendo vítimas de violência doméstica

Pesquisa revela alto indice de filhos que assistiram as mães serem agredidas

09/12/2016 14:03

A- A+

G1 e Gazeta Web

compartilhar:

Uma pesquisa mostra que aproximadamente 3 em cada 10 mulheres nordestinas (27,04%) sofreram pelo menos um episódio de violência doméstica ao longo da vida. Em termos de violência física ao longo da vida, Salvador (BA), Natal (RN) e Fortaleza (CE) são as três cidades mais violentas da região, respectivamente. Nesse levantamento, foram entrevistadas 10  mil mulheres nos nove estados do Nordeste.

Os dados integram o primeiro relatório da pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, divulgado em Fortaleza nesta quinta-feira (8).
O material foi realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Economia (Caen) da Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com o Instituto Maria da Penha. O levantamento foi considerado o maior estudo sobre o tema, quanto à sua escala, em toda a América Latina.

Filhos como testemunhas
Em todas as capitais nordestinas, 55,2% das mães que sofreram agressões físicas reportaram  que os filhos testemunharam o episódio ao menos uma vez, ou seja, mais da metade dos casos de violência contra a mulher é presenciada pelos filhos.

O estudo também revela que 20,1% das mulheres souberam de agressões sofridas pelas respectivas mães durante a infância, ou seja, 1 em cada cinco mulheres em idade fértil já havia sido exposta à violência domestica sofrida por suas respectivas mães ainda durante a infância.

Considerando-se todas as capitais, 12,3% das mulheres disseram que o atual parceiro ou ex-parceiro (mais recente), soube de agressões físicas sofridas pela mãe deles.

Além disso, 64,6% das mulheres que sofreram agressão  durante a gravidez disseram que essas agressões ocorrem no primeiro trimestre de gestação.

Pesquisa
O anúncio da pesquisa assinala o Ano 10 da Lei Maria da Penha. O estudo é resultado de parceria da Universidade Federal do Ceará  (UFC) e Instituto Maria da Penha com o Instituto para Estudos Avançados de Toulouse (França).

Maceió

A pesquisa confirma que 18,44% das mulheres de Maceió disseram, quando foram questionadas, que já sofreram algum tipo de violência física ao longo da vida. Com este percentual, a capital alagoana está na quarta colocação entre as demais da região (quando se refere à violência sofrida ao longo da vida). Salvador, Natal e Fortaleza apresentam as taxas mais altas, índices de 19,76%, 19,37% e 18,97%, respectivamente.

O estudo ainda revela que 30,23% das mulheres maceioenses já enfrentaram violência emocional (a exemplo de insultos, humilhações, intimidações e ameaças) em toda a vida; e 8,64% delas disseram que foram vítimas de violência sexual pelo menos uma vez durante a vida. Neste quesito, a capital está em segundo no ranking do Nordeste.

A pesquisa também mostra a prevalência de violência doméstica por tipo ocorrida nos últimos 12 meses. Neste caso, 7,48% das mulheres de Maceió revelaram ter sofrido algum tipo de violência física nos últimos 365 dias. No caso de violência emocional, 13,95% delas informaram que enfrentaram o drama; e 3,49% tomaram coragem para dizer que sofreram violência sexual nos últimos 12 meses.

Ainda foi mensurada a exposição da mulher na infância à violência doméstica sofrida pela mãe. Neste caso, 16,29% das maceioenses revelaram que souberam da agressão e 89,81% chegaram a presenciar a violência. 

Outra tabela mostra que 5,61% das mulheres de Maceió relataram violência doméstica durante alguma gestação e 68% disseram que sofreram na gravidez mais recente, sendo, portanto, a taxa mais alta do Nordeste.

Quanto à exposição dos filhos à violência doméstica sofrida pela mãe, a pesquisa informa que 60,23% destes filhos presenciaram as agressões e 23,08% também já foram agredidos.

Primeira Edição © 2011