Programa Educação Emocional e Social muda atitudes na escola e na família em Arapiraca

Ação visa prevenir a violência por meio do aprendizado emocional de crianças e adolescentes em 57 escolas do município

02/07/2016 09:31

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Agência Alagoas

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Desde que foi implantada, em março deste ano, a Liga Pela Paz, Programa de Educação Emocional e Social, tem promovido momentos de renovação nas turmas de educação infantil e do ensino fundamental de Arapiraca.

 A metodologia é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), em parceria com a Prefeitura de Arapiraca, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), e a organização Inteligência Relacional.

Ao longo destes meses, estão sendo beneficiadas 57 escolas da rede municipal arapiraquense, dentre elas, a Escola Clodoaldo Pedro da Silva, no povoado Flexeiras, na zona rural do município.

Os primeiros resultados começaram a ser notados no final de abril, durante o ‘Painel das Emoções’, uma das estratégias psicopedagógicas da Liga Pela Paz adotada com alunos do 2º ano da escola.

A metodologia atingiu diretamente o emocional de crianças que tinham um comportamento bastante agressivo, dando vazão a sentimentos aprisionados por motivos até então desconhecidos pela equipe pedagógica da unidade de ensino, a exemplo da professora Fátima Valéria de Oliveira; da coordenadora Maria Lourdes e da diretora Maria Leônia da Silva.

O choro quase unânime dos alunos, embalado pelo “Momento de Quietude e Atenção” – outra estratégia da Liga Pela Paz – era um forte sinal de que a ferida tinha sido tocada. Ali, naquele desabafo coletivo, começava-se a desvendar o porquê da inquietude descomunal e da violência por parte de algumas crianças, que costumavam buscar no embate físico, por exemplo, a solução para seus conflitos e desconfortos.

Em conversas individuais com os alunos, a coordenadora pedagógica Maria Lourdes descobriu que a dificuldade maior era de ordem familiar. Muitas daquelas crianças apanhavam dos pais por qualquer razão e como reação reproduziam este comportamento violento na escola, com os colegas, como conta a coordenadora.

“Chamei os pais desses alunos na escola, conversei com eles e pedi que não batessem nos filhos. Falei sobre a metodologia e algumas mães me relataram que já tinham notado suas crianças diferentes”, declara Maria Lourdes.

A coordenadora cita o exemplo de um pai que, quando recebia um recado da escola, antes mesmo de saber do que se tratava batia no filho, que tremia ao menor anúncio da professora, ainda que fosse um simples lembrete de que havia tarefa de casa a ser feita. “Depois que este pai esteve no colégio para conversar com a coordenação, as coisas mudaram e a criança tem sorrido. Sinal de que as coisas vão bem”, comemora Maria de Lourdes.

Aos poucos, com muito diálogo, a Escola Clodoaldo Pedro da Silva está conseguindo melhorar a relação dos pais com a escola e, sobretudo, com seus filhos, mesmo que muitos ainda sofram com a negligência familiar.

“Nós os acolhemos e, hoje, a professora do 2º ano consegue com tranquilidade desenvolver os conteúdos em sala de aula. Quando alguma briga insinua-se, os próprios alunos trazem à tona os personagens da Liga Pela Paz como exemplos a serem seguidos para a resolução dos problemas”, conclui Maria de Lourdes.

Ao todo, a escola tem 236 alunos, do Ensino Infantil ao 5º ano, beneficiados pela implantação da Educação Emocional e Social, que apesar do curto espaço de tempo, nas palavras de Maria de Lourdes tem transformado vidas, como a da própria coordenadora, que vislumbra um futuro mais equilibrado emocionalmente, mais humano e mais feliz.

Primeira Edição © 2011