Aliado de Tymoshenko é nomeado presidente interino

23/02/2014 09:12

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ANSA

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O chefe do Parlamento ucraniano, Oleksandr Turcinov, foi nomeado presidente interino do país, após Viktor Yanukovich ter sido destituído por um processo de impeachment movido pelo Congresso, que o acusou de violação dos direitos humanos ao reprimir violentamente os protestos antigoverno em Kiev.

Turcinov é o braço-direito da ex-premier Yulia Tymoshenko, que passou mais de dois anos presa por conta de uma condenação de abuso de poder e foi libertada apenas ontem (22). Segundo a Constituição da Ucrânia, os poderes presidenciais devem passar automaticamente ao líder do Parlamento em caso de ausência do chefe de Estado, mas ainda assim a decisão foi apoiada por 285 deputados, de um total de 450.

Enquanto isso, o Partido das Regiões aprovou a desfiliação de Yanukovich e de seus colaboradores mais próximos. Segundo a legenda, o ex-mandatário é responsável pela violência da semana passada em Kiev, que deixou pelo menos 82 mortos e 645 feridos.

"O país foi enganado e roubado, mas nada disso se compara à dor de dezenas de famílias ucranianas que perderam seus entes queridos. A Ucrânia foi traída, e Yanukovich e seu estafe são os responsáveis por isso", diz uma nota divulgada pela sigla.

Ainda antes da votação do impeachment, o ex-presidente deixou Kiev e fugiu para perto da fronteira com a Rússia, sua principal aliada. Seu paradeiro exato não foi confirmado, mas rumores dão conta de que ele tentou sair da Ucrânia, foi impedido e agora se encontra em Donetsk, parte oriental do país, tradicionalmente mais ligada aos russos.

Ontem, a suntuosa vila de Yanukovich, situada a 20 km da capital, foi tomada pelos manifestantes e agora, por decisão do Parlamento, voltará para as mãos do Estado. Na casa foram encontrados um pequeno zoológico e uma vasta coleção de carros de luxo. Localizada às margens do rio Dnipro, a residência tornou-se símbolo da corrupção do mandatário destituído. Segundo seus críticos, o ex-presidente privatizou uma habitação dentro de um imenso parque público e depois, por meio de uma série de atos governativos, alugou a área para duas empresas, que demoliram antigos edifícios soviéticos para abrir espaço para novas construções. Especula-se que por trás dessas empreiteiras estaria o próprio Yanukovich.

Tymoshenko Logo após deixar o hospital onde se recuperava de uma hérnia de disco em estado de prisão, a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko embarcou para Kiev e discursou para os manifestantes que continuam ocupando a Praça da Independência. No pronunciamento, ela anunciou sua intenção de concorrer à Presidência nas eleições antecipadas marcadas para 25 de maio.

Premier da Ucrânia por duas vezes (de janeiro a setembro de 2005 e de dezembro de 2007 a março de 2010), Tymoshenko pode se considerar a grande beneficiada dos protestos que tomam as ruas da capital a partir do final do ano passado. Além de comemorar a queda de seu grande rival, Yanukovich, a quem acusou de perseguição política, ela viu o seu braço-direito, Turcinov, assumir o comando do Parlamento e a Presidência interina. Além disso, desponta como forte candidata a vencer o pleito do próximo mês de maio, que vai escolher o novo chefe de Estado do país. Uma prova de seu prestígio é que a ex-primeira-ministra já começa a ser cortejada por líderes internacionais. Depois de sair da cadeia, Tymoshenko conversou por telefone com a poderosa chanceler alemã, Angela Merkel, e em breve as duas deverão se encontrar pessoalmente para discutir o futuro da Ucrânia.   

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