Classe média emergente gastou R$ 1 trilhão em 2013

Novos ricos injetaram na economia o equivalente a 26% do Produto Interno Bruto (PIB) projetado para o ano

18/02/2014 14:02

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Antes, eles eram apenas uma classe que estava enriquecendo no Brasil. Hoje, eles já são maioria e estão na mira das empresas de todos os setores, tendo se transformado no mais relevante mercado consumidor do País. A chamada classe emergente já soma 108 milhões de indivíduos, mais que países como Alemanha, Egito ou França – se fossem uma nação, seriam o 12º Pais do mundo em população. O cacife é da mesma magnitude: seriam o 18º país do planeta em consumo – poderiam, inclusive pertencer ao G20.

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Não por acaso se transformaram no principal alvo das empresas de consumo e serviços em todo o Brasil. No ano passado gastaram R$ 1,17 trilhão e movimentaram 58% do crédito distribuído em território nacional. E quem acha que o modelo de consumo se esgotou, pode estar enganado: para este ano, a previsão é vender de 11,7 milhões de viagens nacionais e internacionais, 7,8 milhões de notebooks, 4,5 milhões de tablets e mais 3,9 milhões de smartphones.

Essas são as expectativas da pesquisa Faces da Classe Média, lançada nesta terça-feira (17) pelo Serasa Experian em parceria com o Instituto Data Popular. Por classe média, a pesquisa entende famílias com rendas entre R$ 320 a R$ 1,120 mil por pessoa. "Nossa classe média é mais rica que 54% da população mundial", diz Renato Meireles, diretor-presidente do Data Popular.

Dentro deste grupo, a pesquisa identificou quatro perfis. Em comum entre eles está a larga utilização do crédito. Se estão devidamente educados para isso, é uma outra história. "As empresas estão preocupadas em fornecer educação para o crédito, mas o volume de investimentos para o assunto é uma particularidade de cada uma", diz Ricardo Loureiro, presidente do Serasa Experian.

Empresariado é, historicamente, mais pessimista

O pessimismo do setor varejista, que já vê um "esgotamento" do modelo de consumo, não passa perto da realidade dessa população. "O varejo tem feito investimentos importantes. É natural que nesse momento de incerteza estejam mais inseguros", diz Loureiro.

O mesmo temor, no entanto, não passa nem perto da população, a avaliação de Meireles, do Data Popular. "Desde que o mundo é mundo o empresariado é mais pesimista que a população, e muito mais pessimista que o brasileiro", afirma. "Esse sentimento de economia ruim não chega no público final. O fato é que hoje eles fazem mais pesquisa de preço que no passado e exigem melhores preços e qualidade no varejo."

Embora não sintam o pessimismo, Meireles diz que são sensíveis à corrosão do poder de compra com o aumento dos preços. "Hoje o desafio é melhorar a qualidade da oferta para que a inflação não precise ser combatida com juros altos", comenta. "O que não pode é uma política econômica esquisofrência com altas de juros para conter a inflação e desonerações para estimular o consumo. "

Primeira Edição © 2011