A solução defendida por aliados do ministro da Saúde é a aproximação da gestão Haddad ao seu comando de campanha, visando monitorar de perto o impacto de atos da administração e sugerir ajustes eventuais.
Folha.com
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Temendo efeitos negativos na campanha do ministro Alexandre Padilha ao governo paulista, o PT estuda uma forma de enquadrar a gestão do prefeito da capital, Fernando Haddad, sem que isso pareça uma intervenção.
Há a percepção no núcleo petista de que a administração Haddad é errática, e de que decisões como o aumento do IPTU podem ter efeitos desastrosos para o partido nas eleições do ano que vem.
A solução defendida por aliados do ministro da Saúde é a aproximação da gestão Haddad ao seu comando de campanha, visando monitorar de perto o impacto de atos da administração e sugerir ajustes eventuais.
Isso pode ser feito por meio de secretários municipais com interlocução junto ao núcleo petista e ao Palácio do Planalto, além de conversas diretas com Haddad.
No entorno de Padilha, nome sacado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar acabar com duas décadas de governos tucanos em São Paulo, Haddad é visto com certa desconfiança.
O aumento do IPTU é alvo preferencial de críticas, já que ele tende a afetar mais o eleitorado de classes média e alta que o prefeito e a presidente Dilma Rousseff conquistaram na capital em 2012 e 2010, respectivamente.
Teme-se que Dilma também seja afetada caso um mau desempenho do PT na capital tenha reflexos no resto do Estado, o maior colégio eleitoral do país.
Usando a metáfora de Lula sobre eleger seus "postes" (políticos sem experiência eleitoral prévia), um interlocutor de Padilha diz que "para emplacar o terceiro, é preciso que o segundo funcione" --o primeiro sendo Dilma e o segundo, Haddad.
O grupo quer que a "intervenção sem interventor" ocorra após a reeleição prevista para domingo do presidente do PT, Rui Falcão.
O principal nome na equipe de Haddad para tal missão é o de José de Filippi. Lulista e conhecedor das entranhas petistas após anos como tesoureiro do partido, ele teve sua indicação para a Secretaria da Saúde avalizada pelo próprio Padilha.
Outros nomes surgem, como os de Jilmar Tatto (Transportes) e de Antônio Donato (Governo). O envolvimento deles dependeria de como evolui a citação a ambos na investigação sobre a máfia dos fiscais na capital.
A operação, com apoio da prefeitura, também preocupa o PT, uma vez que ela colocou na linha de tiro nomes da administração do antecessor de Haddad, Gilberto Kassab (PSD), aliado de Dilma.
Se o Planalto já recebeu sinais de que Kassab não irá romper a aliança, no nível estadual sua provável candidatura ao governo poderá tornar-se agressiva contra o PT --ainda que seja estimulada por Padilha, interessado em mais nomes no páreo para forçar um segundo turno contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A nomeação de um secretário influente é descartada porque evidenciaria fraqueza. Há, contudo, precedentes no PT, como ocorreu em 2012 no Distrito Federal. Sob forte crise, Agnelo Queiroz teve de aceitar o ex-secretário-executivo da Casa Civil Swedenberger Barbosa como homem-forte de seu governo.
Primeira Edição © 2011