Venezuelanos celebram o Natal com Chávez ausente há duas semanas

24/12/2012 13:24

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EFE

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Os venezuelanos celebram o Natal deste ano com seu presidente, Hugo Chávez, há duas semanas em Cuba e a incerteza sobre se a reaparição do câncer do governante causará mudanças políticas no país.

As celebrações para os venezuelanos estiveram marcadas pela recaída do presidente e pelos relatórios oficiais que dão conta de sua recuperação 'progressiva' após a nova operação e rumores rapidamente desmentidos pelo próprio Governo.

Aos pedidos do vice-presidente, Nicolás Maduro, de orações para acompanhar o 'comandante presidente' em sua 'batalha pela vida' se somaram personalidades como o arcebispo de Caracas, Jorge Urosa, que hoje enviou uma 'bênção especial' aos doentes.

Chávez viajou no dia 10 de dezembro a Cuba e durante sua ausência os venezuelanos aguardaram notícias sobre a operação, enquanto analistas e políticos formulam todo tipo de hipótese sobre os cenários que se abririam caso o governante não esteja no país no próximo dia 10 de janeiro, quando deve assumir um novo mandato.

O chefe de Estado venezuelano, no poder desde 1999, conquistou no pleito de 7 de outubro sua terceira reeleição consecutiva e deverá jurar em janeiro seu quarto período presidencial.

Ao anunciar, no dia 8 de dezembro, a aparição de novas 'células malignas', o próprio Chávez mencionou a possibilidade de não poder assumir o cargo devido à operação e pediu ao povo que, se algo lhe acontecesse, apoiasse Maduro como seu sucessor.

Maduro, apoiado pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, liderou atos oficiais e assumiu a tarefa de orientar o chavismo, mas, ao mesmo tempo, descartou taxativamente que exista um Governo 'interino'.

'A Venezuela está em estado de suspensão', declarou à Agência Efe o analista político Carlos Romero, professor de Ciências Políticas da Universidade Central da Venezuela (UCV), que opinou que no país 'pode acontecer qualquer coisa antes e depois de 10 de janeiro, inclusive que o presidente da República retorne e assuma'.

Apesar de destacar que na ausência de Chávez se manteve 'a ordem política' e 'haja uma grande estabilidade', Romero admitiu que existe uma 'grande incerteza', já que 'realmente nenhum venezuelano sabe qual será o futuro do presidente'.

O analista também concordou com Maduro que não existe um Governo 'interino', já que este tem 'funções de vice-presidente e algumas atribuições presidenciais mediante decreto'.

Sobre o papel de Maduro e Cabello, os dois homens fortes dentro do chavismo, considerou que vieram 'dividindo as tarefas' de Governo, com um vice-presidente encarregado da 'tarefa institucional' e um titular do Parlamento à frente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e das Forças Armadas.

O presidente da empresa de pesquisas Hinterlaces, Oscar Schemel, assinalou, por sua parte, que a recidiva do câncer do presidente ocasionou um 'desajuste emocional, sobretudo entre seus seguidores', uma 'mistura de tristeza com temor', embora em sua ausência Maduro e Cabello tenham aparecido como 'lideranças emergentes'.

'Aquele líder que os defendia, que os protegia, que os tinha reivindicado, é vulnerável', apontou Schemel, observando que a doença 'ocasiona uma repolarização' e reaviva o discurso forte do chavismo por 'temor frente à ameaça de restauração da exclusão' e de 'perseguição' caso percam o poder.

Nesse contexto, previu que a Venezuela pode passar 'vários meses' de 'muita incerteza' e lembrou que este é um país 'onde o presidente era tudo: era o líder, era o condutor (...), o que tinha o discurso mais importante, mais influente'.

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