Editorial: Moralização na Câmara

24/12/2012 06:03

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Jornal Primeira Edição

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Sancionada pelo prefeito Cícero Almeida a lei que recriou os cargos comissionados da Câmara Municipal, o presidente Galba Novaes jactou-se de ter implantado a transparência na Casa. Diz que criou um portal para expor, em detalhes, os cargos criados, os salários e os nomes dos servidores contratados.

Tudo isso seria meritório se tivesse advindo de uma iniciativa voluntária, de um gesto espontâneo do presidente, mas não foi. A Câmara reduziu pela metade o número de comissionados porque o Tribunal de Justiça, instado pelo Ministério Público, assim exigiu.

A situação da Câmara era pra lá de escandalosa: ali eram mantidos, para não fazer nada além de receber gordos salários, cerca de 500 pessoas contratadas pelos padrinhos políticos. Ou seja, mais que o dobro dos servidores efetivos da Casa. Nem a Assembleia Legislativa em seus áureos tempos de imoralidade.

O mais grave, nesse cenário turvo, é que a redução dos cargos – cantada e celebrada por Galba Novaes – apenas confirma, através de confissão pública – que a Câmara Maceioense não precisava de tantos comissionados, mas os mantinha deliberadamente.

Obrigado a cumprir ordem judicial demandada pelo Ministério Público (e louve-se, nesse caso, a atuação diligente e republicana do promotor Marcos Rômulo), o ainda presidente Galba Novais não teve alternativa senão defenestrar seus fantasmas, ainda que retardando a execução da medida imposta e sob pena de ser processado por improbidade.

Ao seu estilo, tenta agora passar a ideia de que adotou uma prática moralizadora, quando, em verdade, não fez mais do que cumprir uma ordem emanada do Poder Judiciário Estadual para salvar a própria pele. Há mérito nisso?

 

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