Oposição egípcia rejeita participar de diálogo proposto por Mursi

07/12/2012 07:43

A- A+

EFE

compartilhar:

A oposição não islamita do Egito, unida na Frente de Salvação Nacional, rejeitou nesta sexta-feira participar do diálogo proposto para amanhã pelo presidente Mohammed Mursi, ao considerar que suas reivindicações não foram escutadas.

Em comunicado, o grupo explicou que a convocação do diálogo 'carece dos elementos básicos de uma negociação verdadeira e séria e ignora as reivindicações principais da Frente', que são a anulação do ata constitucional e o cancelamento do referendo sobre a Constituição.

'O discurso de Mursi foi decepcionante para a maioria do povo egípcio', assegurou a formação opositora em sua nota, na qual critica a atitude do presidente de negar que 'o sangue egípcio puro derramado nos arredores do Palácio Presidencial é consequência da incitação explícita da Irmandade Muçulmana'.

Quanto a estes choques entre partidários e detratores de Mursi, que deixou seis mortos e centenas de feridos, a 'Frente de Salvação Nacional' pediu que sejam investigados por 'um juiz neutro' e que os participantes sejam apresentados perante a justiça 'seja qual for seu cargo político ou policial'.

'A Frente continuará empregando todos os meios de imprensa legítimos para defender seus direitos e sua liberdade e corrigir a via da revolução para construir um Egito que se baseie na liberdade, a justiça social e a dignidade humana', ressalta o texto.

Em seu esperado discurso de ontem, Mursi defendeu suas decisões e convocou uma reunião para amanhã, sábado, com os grupos políticos, os jovens da revolução e os juízes a fim de 'conseguir um acordo global para acabar com a divisão'.

Antes do discurso, a 'Frente de Salvação Nacional' já disse que tinha fechado as portas para negociar com a presidência perante a falta de resposta de Mursi a suas reivindicações e 'o derramamento de sangue' perante o Palácio Presidencial.

Este grupo, composto pelo Partido da Constituição, liderado pelo Prêmio Nobel da Paz egípcio Mohamed ElBaradei, e o Partida Corrente Popular, do ex-candidato presidencial Hamdin Sabahi, entre outros, convocou novos protestos para esta sexta.

As principais reivindicações destas manifestações é que Mursi cancele a ata constitucional que blinda seus poderes perante a Justiça e anule a convocação do referendo sobre a Carta Magna, previsto para o próximo dia 15 de dezembro.

Os manifestantes começaram a se reunir na Praça Tahrir, onde há duas semanas são mantidas barracas camping, assim como a marchar desde várias mesquitas de Cairo em direção ao Palácio Presidencial.

A sede da Presidência está cercada desde ontem por tanques e carros do Exército, que se instalou nos arredores do prédio para evitar novos distúrbios.

Primeira Edição © 2011