JHC| “Gostaria de não ter passado pelo processo, mas me fortaleceu”

Deputado faz um panorama do seu mandato em 2012 e diz não temer represálias por sua atuação de oposição na ALE

05/12/2012 15:31

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Thayanne Magalhães

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Durante entrevista concedida ao Primeira Edição na tarde desta quarta-feira (5), o deputado estadual João Henrique Caldas (PTN) falou sobre o processo de cassação do seu mandato e de como o apoio da sociedade nas mídias sociais o influenciou a seguir adiante com a sua “atuação de oposição” dentro da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE).

“Preciso lutar pelos interesses da população doa em quem doer e continuarei comprometido para que a sociedade se sinta segura. Seja qual for o tema, os cidadãos poderão contar com o meu apoio”, disse JHC, pontuando ainda que o processo de cassação do seu mandato não o desanimou para a vida política.

O parlamentar foi afastado do cargo em outubro passado por decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AL), que julgou procedente os argumentos que constam na Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Eime), onde consta a acusação de abuso de poder, baseada no fato de JHC ter se beneficiado ao participar de eventos religiosos com o pastor e missionário R.R. Soares.

Após três dias afastado da Casa de Tavares Bastos, o deputado pôde retomar sua cadeira depois que a ministra Luciana Guimarães, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lhe concedeu liminar favorável.

“O processo é relativamente frágil, sem respaldo técnico e por conta da complexidade gerou polêmica. O próprio TRE considerou as provas ilícitas, forjadas e mesmo assim cassaram meu mandato com base nelas. O que também chamou a atenção e gerou um fórum de discussões foi a acusação de abuso de poder ‘religioso’, caso único que repercutiu não só em Alagoas”, afirma o deputado, que diz ter participado dos cultos junto com outros políticos, como deputados e senadores de forma não tendenciosa.

O PRTB, partido do suplente de JHC, Arnon Amélio, recorreu da decisão do TSE e agora o caso aguarda julgamento.

Influências
Sobre a decisão da cassação do seu mandato ter sido influenciada por pressões políticas e também pelo fato do suplente ser cunhado do desembargador-presidente do TER/AL Orlando Manso, JHC diz que não pode afirmar, mas também não descarta a possibilidade. “Não posso afirmar que houve influência, mas também não podemos descartar essa possibilidade. O meu suplente é cunhado do presidente do TRE e tio da ex-namorada do relator do meu processo”, conta o deputado.

“Quanto aos deputados, a gente escuta nos bastidores da Casa que houve uma pressão que pode ter interferido na decisão do Tribunal, por conta da minha atuação de oposição”, disse.

‘Pistolagem’
Questionado sobre possíveis represálias por conta da sua atuação política, JHC disse que apesar da violência histórica em se tratando de crimes de mando em Alagoas, não vai abrir mão das suas prerrogativas. “Conto com o aparato do Estado e não podemos perder a esperança de que a Assembleia é o ‘antídoto’ para a resolução desses problemas. Eu tentei criar a CPI da ‘Pistolagem’ para que esse tipo de crime fosse investigado pelos parlamentares, porém a ALE parece querer afastar a população desse tipo de discussão”, opina o deputado.

Para JHC, os riscos não estão só nos crimes de ‘pistolagem’. “Temos que continuar nossas vidas e a qualquer momento podemos ser vítimas da violência no nosso estado, que é considerado o mais violento do país. É triste dizer isso, mas é a realidade”.
 

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