Hu adverte contra a corrupção em discurso de abertura do Congresso do PCCh

08/11/2012 06:11

A- A+

EFE

compartilhar:

O presidente da China, Hu Jintao, advertiu nesta quinta-feira que se o Partido Comunista não lutar contra a corrupção enfrentará 'sua queda e a do Estado', durante seu discurso de abertura do 18º Congresso da formação, do qual sairão os novos dirigentes do país.

Em sua fala de uma hora e meia, com que abriu o Congresso quinquenal do Partido Comunista da China (PCCh) no Grande Palácio do Povo de Pequim, o chefe de Estado e secretário-geral do partido enumerou os problemas que o país enfrenta, desde o desequilíbrio econômico entre as cidades e o meio rural até questões ambientais.

Hu insistiu especialmente na luta contra a corrupção, o problema que, segundo as enquetes, os cidadãos consideram a maior ameaça contra a estabilidade social no país e que foi a questão de fundo nos escândalos que rondaram os preparativos do Congresso deste ano.

O protagonista principal dos escândalos foi o dirigente deposto Bo Xilai, que o PCCh expulsou em setembro após acusá-lo de corrupção grave, entre outras acusações, e cuja esposa foi declarada culpada pelo assassinato no ano passado do empresário britânico Neil Heywood.

Aparentemente em referência a Bo, antigo secretário-geral do PCCh na cidade de Chongqing, Hu afirmou: 'temos que manter o tempo todo uma postura bem severa na punição da corrupção, investigar e sancionar decididamente os casos de grande quantia e gravidade e solver os problemas de corrupção ocorridos perante os próprios olhos de as massas'.

'Puniremos sem piedade qualquer pessoa envolvida, seja qual for seu (nível de) poder ou cargo, sempre que violar a disciplina do Partido e as leis do Estado', acrescentou o presidente da China.

O líder anunciou um aumento da supervisão sobre o exercício do poder por parte dos dirigentes, medidas para evitar conflitos de interesses e um reforço da cooperação internacional contra a corrupção.

Pediu também aos dirigentes do partido para 'se autodisciplinarem' e controlarem seus familiares e colaboradores, 'sem permitir em absoluto ostentarem privilégios'.

Em 26 de outubro, o jornal 'The New York Times' publicou que a família do primeiro-ministro, Wen Jiabao, acumula uma fortuna de US$ 2,7 bilhões, o que o chefe de governo negou com veemência.

A luta contra os subornos representa 'uma questão política de importância capital', pois se o problema não for solucionado adequadamente 'danificará fatalmente o Partido e arruinará ele e o Estado', ressaltou Hu.

Segundo uma enquete realizada nas principais cidades chinesas e publicada ontem pelo veículo 'Global Times', sete em cada dez pessoas acham que o governo deve se submeter a uma maior apuração por parte da população e adotar um maior controle contra a corrupção.

Mas se Hu conclamou uma luta firme contra essa praga, também deixou claro que, por enquanto, as reformas não significarão mudanças no sistema político unipartidarista.

'Devemos garantir a união da liderança do Partido', indicou o presidente, que foi claro ao dizer que 'de forma nenhuma (iremos) transplantar mecanicamente os modelos do sistema político do Ocidente'.

Em seu discurso, aplaudido pelos 2.260 delegados que participam do encontro comunista, o presidente da China fixou para 2020 a meta de transformar a China em uma sociedade 'moderadamente próspera'.

Para isso, o presidente buscará dobrar o Produto Interno Bruto e a renda per capita da população em relação aos de 2010.

O Congresso inaugurado hoje, e que termina no dia 14, representa o começo da despedida de Hu do poder. Durante o encontro, o dirigente cederá o título de secretário-geral do Partido ao vice-presidente do país, Xi Xinping, que também o sucederá no próximo ano na chefia de Estado.

O 18º Congresso se encarregará também de renovar ao Comitê Central, o Politburo e o Comitê Permanente, o seleto grupo de menos de dez pessoas que dirige o partido de maneira colegiada.

Primeira Edição © 2011