Editorial: A vitória do PT em SP

05/11/2012 04:35

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Jornal Primeira Edição

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A vitória do petista Fernando Haddad em São Paulo não pode ser vista – conforme assinalaram alguns correspondentes estrangeiros – como um avanço da esquerda, mesmo porque, no cenário promíscuo da política atual, não se pode rotular de esquerdista um partido que se entranha com um Paulo Maluf para ganhar a eleição.

Também não se pode atribuir à influência de Lula ou ainda da presidente Dilma, já que o ex-presidente foi impotente para levar a vitória do PT em Campinas, segundo maior colégio eleitoral paulista, assim como em Salvador, quarto maior colégio eleitoral do País e primeiro da Região Nordeste.

O que ocorreu em São Paulo foi um processo de exaustão associado a um projeto inoportuno: há 12 anos no poder municipal, PSDB e DEM (este último transmudado em PSD) se esgotaram como modelo administrativo. Além disso, o tucano José Serra entrou na disputa como o homem certo na hora e lugar errados.

Através das pesquisas, o eleitorado sinalizou logo cedo que não reconduziria Serra à Prefeitura, ao se bandear na direção de Celso Russomano que, por muito pouco, não conquistou o mandato. Serra se lançou como alguém que queria qualquer coisa, qualquer mandato, o cargo que estivesse em jogo. Pegou mal para alguém que menos de dois anos antes disputara a presidência da República.

Com o ‘não’ a Serra e o previsível desmoronamento do inconsistente Russomano, restou ao eleitor duas opções: votar em Haddad ou anular o voto, num pleito afinal recordista em votos inválidos.

Os petistas têm, sim, o direito de comemorar a vitória em São Paulo, mas sem perder de vista que enfrentaram adversário respeitável, porém previamente desautorizado pela maioria dos eleitores, conforme indicavam todas as pesquisas de intenção de voto. 

De resto, não se pode esquecer que, apesar de Haddad, quem governa São Paulo, o estado, é o PSDB dos tucanos.
 

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