PSOL apostou em Agra e acabou elegendo um ‘estranho no ninho’

Erro de cálculo: Por que o PSOL quer tomar mandato de vereador eleito?

29/10/2012 04:11

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Jornal Primeira Edição

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Partido criado pela então senadora Heloísa Helena após seu rompimento com o PT, no início dos anos 2000, o PSOL caiu em sua própria armadilha que, por sinal, é a mesma armadilha usada pelos políticos tradicionais para se eleger com mais facilidade: a montagem de coligações planejadas para atingir determinado número de votos e, assim, de forma programada, eleger um, dois, três ou mais candidatos.

O PSOL passou a funcionar como laboratório para eleição de vereador com voto de legenda dada a presença de Heloísa Helena, um autêntico carro-chefe na eleição proporcional de Maceió. Depois dos 29 mil votos conseguidos por HH na eleição de 2008, muita gente convergiu na direção do PSOL pensando na mesma coisa: ser o segundo mais votado e, com a ‘sobra de voto da Heloísa’, conseguir o tão sonhado mandato.

Naquele pleito, o advogado Ricardo Barbosa foi ‘puxado’ pela votação de Heloísa e assumiu o mandato na Câmara de Maceió com apenas 440 votos (ameaçado de expulsão, acabou se desligando do PSOL e ingressando no PT).

Este ano, mesmo trabalhando com a hipótese de queda na votação de Heloísa Helena, os dirigentes do PSOL tinham certeza de que o partido, coligado com o minúsculo PSTU, teria voto suficiente para eleger dois candidatos, mas nutriam outra certeza: o segundo seria alguém do PSOL. Não foi.

Um estranho no ninho do partido, o engenheiro Guilherme Soares, obteve 3.265 votos e ficou com o segundo mandato da legenda, enquanto o principal nome que seria o beneficiário do processo, Mário Agra, presidente estadual do PSOL, teve apenas 770 votos. A insatisfação tomou conta de todos.

O comando do PSOL caíra na armadilha de seu próprio erro de cálculo: o segundo mais votado deveria ser Agra, com DNA do partido, e não um estranho no ninho. Guilherme Soares foi aceito para ‘somar’ em benefício de Agra, mas a criatura acabou engolindo o criador.

Diante do infausto, o PSOL cometeu outro erro, esse mais grave: criou denúncias de compra de voto contra Guilherme Soares, determinou seu afastamento e o ameaça com processo de expulsão. Qual o objetivo: tirar-lhe o mandato em favor de um legítimo PSOL, o primeiro suplente Beto Brito, que obteve 1.292 votos, portanto, bem mais que Mário Agra.

E as acusações, as denúncias contra Guilherme Soares? Ninguém sabe, ninguém viu, só os dirigentes do PSOL. Ninguém o denunciou à OAB/AL, à Polícia Federal, ao Ministério Público Eleitoral, ao Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Só quem conhece as denúncias é o próprio pessoal do PSOL.

É uma empreitada ousada e destituída de ética, a do PSOL. Excluir um vereador eleito legitimamente (com o voto de legenda), só porque não tem DNA do partido. A Justiça Eleitoral alagoana vai entrar nessa?
 

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