Negociações não avançam e bancários devem parar dia 18

Greve será oficializada no dia 12, durante assembleias nos estados

05/09/2012 07:50

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Divulgação

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A negociação de ontem entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não resultou em avanços, o que levou os trabalhadores do setor a tirarem um indicativo de greve para o dia 18. Antes da greve nacional, que será por tempo indeterminado, a categoria fará uma assembleia no dia 12, para a deflagração oficial do movimento, e outra no dia 17, para organizar o movimento paredista.

“Esperamos que até lá a Fenaban melhore sua proposta, que é de apenas 6% de reajuste”, disse o presidente do Sindicato dos Bancários de Alagoas, Jairo França, que participa das negociações em São Paulo. Segundo ele, para evitar a greve, os bancos federais também precisam responder concretamente às reivindicações específicas dos seus funcionários, o que não aconteceu até o momento. “Não existe qualquer proposta do Banco do Brasil, Caixa Econômica e Banco do Nordeste, o que revela um completo descaso dessas instituições para com os seus empregados e a campanha nacional da categoria”, acrescentou.

A negociação de ontem com a Fenaban durou menos de meia hora. Contrariando as expectativas dos bancários, que reivindicam reajuste salarial de 10,35% (incluindo aumento real de 5%), a entidade patronal manteve a proposta de 6% (0,7% de aumento real) feita no dia 28 de agosto. Além de não avançar nas cláusulas econômicas, os bancos voltaram atrás no compromisso de montar um projeto-piloto em Recife para testar equipamentos de prevenção contra assaltos e sequestros.

"Com essa postura intransigente, os bancos empurram os bancários para a greve. Eles não mudaram de posição nem depois da divulgação da pesquisa do Dieese na semana passada revelando que 97% das categorias profissionais fecharam acordos com reajustes acima da inflação no primeiro semestre. Portanto, o sistema financeiro, o mais dinâmico e rentável da economia, tem condições de atender à reivindicação de aumento real de 5% dos bancários", disse Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

"Se setores econômicos sem a mesma pujança estão concedendo aumentos reais, os bancos podem muito mais. Somente os seis maiores bancos lucraram R$ 25,2 bilhões no primeiro semestre e ainda provisionaram R$ 39,15 bilhões para devedores duvidosos, um grande exagero para uma inadimplência que cresceu apenas 0,7 ponto percentual no período", afirma Carlos Cordeiro.

Diretores têm aumento real na remuneração milionária

Para o presidente da Contraf-CUT, a postura dos bancos para com os trabalhadores contrasta com a benevolência em relação a seus altos executivos. Dados fornecidos pelas próprias instituições financeiras à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revelam que a remuneração média dos diretores estatutários de quatro dos maiores bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander) em 2012 será 9,7% superior à do ano passado, o que significa um aumento real de 4,17%.

A remuneração total dos diretores dos quatro bancos, que inclui as parcelas fixas, variáveis e ganhos com ações, soma este ano R$ 920,7 milhões, contra R$ 839 milhões em 2011. Cada diretor estatutário do BB embolsará este ano mais de R$ 1 milhão, os do Bradesco receberão R$ 4,43 milhões e os do Santander R$ 6,2 milhões. E no Itaú saltou de R$ 7,4 milhões em 2011 para R$ 8,3 milhões este ano.

"Vejam que situação perversa temos no Brasil. Aqui estão os maiores lucros dos bancos, inclusive dos estrangeiros, e também as maiores remunerações dos executivos. Por que os salários dos bancários brasileiros estão entre os menores?", questiona Carlos Cordeiro.

Bancários querem continuar negociando

A Contraf-CUT, conforme orientação do Comando, enviará carta nesta quarta-feira 5 à Fenaban, manifestando disposição para o diálogo e resolver o acordo na mesa de negociação. Também encaminhará ofícios aos bancos públicos, cobrando apresentação de propostas para as reivindicações específicas dos trabalhadores, e aos bancos privados, para reiterar a exigência de negociações sobre garantias de emprego.

"Queremos continuar negociando e buscar um acordo que contemple sobretudo aumento real, valorização maior do piso, PLR de três salários mais R$ 4.961,28 fixos, mais contratações e garantias contra demissões imotivadas", conclui Carlos Cordeiro.

Primeira Edição © 2011