Movimentos Agrários enviam carta ao presidente do Tribunal de Justiça

Documento aponta os motivos para a interdição de rodovia durante visita da Presidente Dilma Rousseff na última sexta-feira (17)

23/08/2012 12:11

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Redação

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A assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça (TJ) de Alagoas divulgou na tarde de hoje (23) a carta enviada pelos Movimentos Agrários ao desembargador Sebastião Costa Filho, sobre o episódio durante a visita da presidente Dilma Rousseff a Maceió na última sexta-feira (17).

Na correspondência, os trabalhadores colocam o incidente como lamentável e explicam que a confusão começou após o grupo ter sido disperso pelo BOPE com uso de bala de borracha e de bombas. Eles disseram que reconhecem o esforço feito pelo Poder Judiciário na luta pela Reforma Agrária.

Eles justificam a ação, dizendo que “era simplesmente para garantir o acesso ao local e a entrega da pauta de reivindicação dos movimentos do campo” à Presidente da República, já que teriam negado acesso o grupo ao local do evento.

Leia a carta na íntegra:

Senhor Presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas,

Em virtude do lamentável incidente ocorrido no dia 17 de agosto, quando as trabalhadoras e trabalhadores acompanhados pelos movimentos de lata pela terra e reforma agrária em Alagoas - foram dispersos pelo BOPE. com uso de bala de borracha e de bombas - envolvendo o veículo que transportava Vossa Excelência, acompanhado com alguns desembargadores, vimos nos retratar e desculpar-nos.

Reconhecemos que Vossa Excelência tem tratado a questão da reforma agrária com atenção e empenho desde a época que assumia a função de desembargador corregedor, quando apurou as irregularidades no cartório de Murici e opinou pela substituição da titular do cartório.

Na condição de desembargador presidente tem atuado com firmeza e sensibilidade social para atenuar os conflitos agrários no estado, tornando-se um interlocutor essencial para evitar derramamento de sangue e preservar os direitos das famílias sem terra.

A Reforma Agrária é uma política do governo federal para diminuir as desigualdades e o sofrimento de milhares de homens, mulheres e crianças que tem nesta política de Estado a única condição para almejarem a dignidade humana. A Reforma Aerária é uma dívida social do governo brasileiro. 

Vossa excelência tem acompanhado de perto a morosidade do Estado Brasileiro em promover a Reforma Agrária e a opção por uma política de migalhas para os pobres,
sem alterar as estruturas coloniais das capitanias hereditárias.

Lamentamos o acontecido com o veículo do Tribunal de Justiça e esperamos que
não seja caracterizado como uma ação contra o Poder Judiciário e, muito menos, contra
Vossa Excelência. Apostamos na continuidade do diálogo por conhecer a vossa
grandeza e a sensibilidade com as vidas dos mais fragilizados e historicamente
excluídos do direito a terra.

Por fim. queremos esclarecer alguns pontos para contribuir na leitura do oconido não como um todo, mas como parte de uma situação criada pela assessoria da Presidência da República:

- No dia 16 de agosto, atendendo solicitação da presidenta da CUT Amélia Fernandes, as coordenações dos movimentos do campo, reuniram-se com os assessores da Presidência da República, entre eles José Claudenor Vermohlen (Zeca), para discutir à respeito da participação durante a visita da presidenta Dilma para a inauguração da fábrica da Brasken, em Marechal Deodoro;
• Fornos informados que os manifestantes ficariam à 300m de distância da presidenta e de seus convidados; Chegando ao trevo que dá acesso ao pólo, cerca de 10 km de distância do
local do evento, fomos abordados pela Polícia Militar de Alagoas, que impediu o acesso
ao local definido pela assessoria da presidência;

Entrando em contato com o assessor da presidência, José Claudenor Vermohlen, informamos que fomos impedidos de chegar ao local pelo aparato policial, e o mesmo nos informou que a ordem do bloqueio partiu do Governo do Estado de Alagoas. Em contato telefónico com secretário do gabinete civil, Álvaro Machado, alegou-se que a ordem de não permitir o acesso veio da Presidência da República; * A interdição da rodovia, era simplesmente para garantir o acesso ao local e a entrega da pauta de reivindicação dos movimentos do campo; Ainda em processo de negociação, chega o Bope disparando balas de borrachas e bombas de efeito moral, numa verdadeira ação de guerra contra cerca de
250 trabalhadores, incluindo crianças, idosos e unia gestante.

Maceió. 20 de agosto de 2012.
MST, CPT: MTL e MLST

 

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