O Globo
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Em Coruripe, uma das cidades mais pobres de Alagoas, a equipe da Escola Municipal José de Carvalho Souza diz que não há mágica no Ideb de 6,9, o maior do estado. A maioria dos meninos e meninas é filho de pescador ou marisqueiro e dona de casa. Pais e mães têm o ensino fundamental incompleto, ganham pouco mais de um salário mínimo, mas sem carteira assinada nem acesso a benefícios trabalhistas, como FGTS ou INSS.
Quem vê a escola não acredita no resultado. O lugar é simples, meninos e meninas vão de chinelos para as salas de aula. Mas, há uma diferença: os alunos com maior dificuldade no aprendizado têm atenção maior.
— Não há segredo. Quem estuda à tarde e precisa de reforço, chega às dez da manhã, vai para a aula, almoça e não volta para casa. Fica para a aula. Quem estuda de manhã, almoça e fica à tarde para o reforço — explica a diretora.
A metodologia fez o índice de repetência cair de 30%, há cinco anos, para menos de 3%.
— Não inventamos a roda por aqui. Se um professor tem problemas, a diretora, que é professora, se sensibiliza, nos motiva a trabalhar. Se um professor tem problemas, nos aproximamos para conversar, interagir. É um método humano — diz a professora Josivânia da Silva Lima, que usa música em suas aulas.
Equipe de olho nos alunos
Os professores da Escola Municipal José de Carvalho Souza se reúnem a cada 15 dias para trocar experiências, desabafos e ler textos com experiências pedagógicas.
— Usamos os métodos de ensino mais atuais, não temos um autor ou uma linha pedagógica. E, claro, a educação tradicional porque há alunos que não “funcionam” sem ela. Agora, não temos pais que participem do dia a dia da escola — conta a diretora Josenete Portela Silva.
Na unidade, cada coordenador conhece a ficha escolar e o ambiente familiar dos alunos e quem precisa de apoio recebe visita em casa. No entanto, o método não é perfeito. Muitos acabam entrando para o mundo das drogas.
— Mas este ambiente (da escola) ajuda muita gente. E mais a cada dia. Temos fé — diz a diretora.
Com 90% dos professores tendo ensino superior, a escola alfabetiza as crianças antes dos 6 anos. E se um professor falta, a diretora pega o telefone e pede ajuda aos demais:
— Cumprimos, assim, os 200 dias de ano letivo.
A unidade conta com a ajuda do Instituto Ayrton Senna, que qualifica o diretor da escola, escolhido pelo prefeito.
Primeira Edição © 2011