Léo Áquilla já fez dez cirurgias para se "transformar em menina"

A drag queen admitiu que teve uma infância traumática devido aos maus tratos que sofria por conta da sexualidade

02/06/2012 09:38

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UOL Notícias

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A participante de "A Fazenda 5" Léo Áquilla, 42, já fez dez cirurgias plásticas para se "transformar em menina". A última, um transplante capilar, foi feita no começo deste ano, revelou a drag queen em entrevista ao programa "TV Fama" da "RedeTV!".

Léo fez o transplante capilar "para diminuir a testa e ficar mais menina". "As duas cicatrizes que ficaram na calvície me incomodam muito quando eu uso moicanos e cabelo preso, e diminuindo a testa eu fico mais menina", completou. Como ela já havia puxado o couro cabeludo para frente, "ele não tinha mais elasticidade, por isso precisava fazer o transplante", explicou.

Há cerca de um ano e meio atrás, Áquilla fez uma cirurgia de feminilização, em que remodelou a face, transformando características masculinas como testa e queixos proeminentes em traços femininos.

Mas nem todas as cirurgias a deixaram satisfeita. A drag queen tem dúvidas sobre os implantes de seios que fez. O assédio dos homens a deixaria constrangida. "Eu disse que queria tirar as próteses porque o assédio dos homens me incomoda", disse.

Infância traumática, apedrejamento e fuga
Na tarde desta quinta-feira (31), durante o reality show "A Fazenda 5", a drag queen admitiu que teve uma infância traumática devido aos maus tratos que sofria por conta da sexualidade. Formada em jornalismo e pós-graduada em jornalismo político pela PUC-SP, Léo Áquilla, ou Jadson Mendes de Lima (nome de batismo), disse que que recorria aos braços da mãe para chorar. "Sempre fui muito efeminado desde que me enttendo por gente. Eu sofri. Isso que chamam de bullying, eu apanhei muito na escola", disse.

Chorando, a drag ainda falou de outros momentos difíceis, como quando contou para a mãe que "gostava de menino" e quando teve que fugir do bairro em que morava, o Capão Redondo (SP), após ter sido apedrejada.

"A situação chegou ao cúmulo para mim. Numa determinada noite, não satisfeitos com as agressões verbais, decidiu que ia tacar pedras, uma brincadeira que machucou minha alma, machucou meu corpo", lembrou a dançarina.

Logo após esse acontecimento, ainda machucada, Léo decidiu revelar a orientação sexual para a mãe e ir embora do bairro. "Eu não podia ficar lá. Eu já tive um irmaõ assassinado com nove tiros na porta de casa e agora esse apedrejamento", explicou aos peões de "A Fazenda 5".

Léo ainda relembrou que, antes de ir, mandou um recado para a turma que a havia apedrejado. "Eu passei pelo local do acontecido e eles estavam lá. Eu disse para eles assim: 'hoje eu estou indo embora apedrejada, mas não esqueçam este nome, Léo Áquilla, porque vocês vão ouvir falar dele'", disse. Após o depoimento, os peões aplaudiram e abraçaram ela.

O Brasil é um dos países com maior número de assassinatos a homossexuais no mundo. De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2011 foram assassinados 266 gays, travestis e lésbicas no país. Apesar disso, a violência contra homossexuais não é qualificada como crime, sendo enquadrado como lesão corporal ou tentativa de homicídio no código penal brasileiro. Apesar da orientação sexual, Léo tem um filho biológico de 15 anos e outro adotado, de 14.

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