Produtores de inhame da Mata Alagoana recebem orientação sobre produção sustentável em Viçosa

17/05/2012 13:28

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Ascom - Viçosa

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Associativismo e cooperativismo, produção, comercialização e sustentabilidade. Esses foram algum dos temas debatidos essa semana, em Viçosa, durante o II Seminário de Comercialização do Inhame da Mata Alagoana, promovido pela Câmara Temática da Cultura do Inhame.

O evento reuniu dirigentes de órgãos parceiros como Conab, Somar, Sebrae/AL e Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri/AL), além de secretários municipais de Agricultura de municípios da região do Vale do Paraíba e mais de 60 agricultores familiares das cidades de Viçosa, Paulo Jacinto, Quebrangulo, Cajueiro, Chã Preta, Mar Vermelho, Arapiraca, Teotônio Vilela, Porto Real do Colégio, São Sebastião, Matriz do Camaragibe e Maceió.

Em palestra e oficinas, os agricultores foram orientados sobre como tornar a produção economicamente sustentável e como serem incluídos nas compras governamentais através dos Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que atuam diretamente na aquisição de alimentos da agricultura familiar.

O inhame é a base da produção agrícola de Viçosa e amplamente usado na fabricação de salgados, pães, bolachas e biscoitos comercializados em estabelecimentos do município. Mas, segundo o presidente da Associação Virgem dos Pobres, e representante dos agricultores do povoado Bananal no evento, Genivaldo da Silva Soares, a categoria enfrenta dificuldades e precisa de mais apoio das instituições governamentais para fortalecer a produção.

“Desde a criação da Associação, há três anos, muita coisa melhorou. Com o apoio do BNB, do Sebrae/AL, da Seagri e da Prefeitura de Viçosa, a associação vem se fortalecendo. Os agricultores passaram a confiar na sua produção, com a certeza da venda garantida através do PAA e PNAE, mas ainda sofrem com a falta de assistência técnica e de apoio em situações de crise, como a seca. Eles precisam de mais proteção para permanecer no campo”.

Ao agradecer o apoio dos órgãos parceiros, o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Viçosa, Marcos Domingos, ressaltou que a Prefeitura tem investido na estruturação da agricultura familiar, através do incentivo ao plantio, ao aumento e diversificação da produção e ao cooperativismo. Grande parte do que é plantado pelos pequenos produtores locais é direcionada às instituições assistenciais e à alimentação dos alunos da rede municipal, através do PAA e PNAE, respectivamente.

Em sua explanação, a nutricionista da Secretaria Municipal de Educação, Mônica Ribeiro, e o articulador da Agricultura Familiar em Viçosa, Marcelo Oliveira, falaram da experiência de sucesso adotada pela Prefeitura de Viçosa, que, desde 2009, passou a introduzir alimentos saudáveis nas refeições servidas nas escolas, a exemplo do inhame. A iniciativa permitiu a mudança de hábitos alimentares do alunado, abolindo o consumo de enlatados e sucos industrializados e garantindo uma significativa melhoria dos índices nutricionais de crianças e adolescentes.

Hoje, a Prefeitura compra mais de 32 itens dos pequenos produtores locais, entre hortaliças, frutas, verduras e tubérculos, beneficiando 21 escolas, 7 creches, 30 turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), 25 do Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e mais o Laboratório de Aprendizagem Central (LAC). A partir desse ano, produtos como o milho verde, leite, queijo, ovos, frango e pão serão incluídos no cardápio escolar.

Também está em plena execução no município o projeto PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que prevê a criação de unidades agroecológicas em doze comunidades rurais. A primeira delas está sendo implantada no Assentamento Dourada.

Segundo o coordenador de Agronegócios do Sebrae/AL., Manoel Ramalho, apesar de atuar há pouco tempo na área rural, o órgão ampliou a área de abrangência com o incentivo ao agronegócio na região e opera em duas frentes: estruturação da Cooperativa Regional dos Pequenos Agricultores Rurais do Vale do Paraíba (Coopevale) e na certificação da produção do inhame. Atualmente, o órgão trabalha no fomento à produção do tubérculo com assistência a 12 produtores de Viçosa e Mar Vermelho.

Manoel Ramalho lembrou que é importante mudar as práticas de plantio para agregar mais valor à produção. “É preciso investir em irrigação. Não se concebe mais nenhuma cultura refém das condições climáticas, que, se forem desfavoráveis, trazem fortes impactos para a economia. O mercado está se abrindo. Grandes e pequenos mercados e até hospitais estão interessados em adquirir o inhame da região. Mas é preciso estruturar e aumentar a produção para atender à demanda de clientes em potencial”, disse, reforçando a importância da organização dos agricultores em associações e cooperativas.

O superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Alagoas, Eliseu Rego, também defendeu o fortalecimento da agricultura familiar, através da diversificação da produção de acordo com o potencial agrícola da região, e aproveitou o momento para anunciar que foi encaminhada ao governo federal uma proposta para destinar os alimentos adquiridos pelo PAA na região às famílias vítimas da seca no Sertão e Alto Sertão.

Representando à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri/AL), José Mário de Medeiros falou dos investimentos do Governo de Alagoas para garantir a expansão do PAA, anunciando a intenção de ampliar de 25 para 67 o número de municípios participantes. A reativação da Emater será mais um instrumento no processo de fortalecimento dos pequenos produtores. 

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