Índios desocupam FUNASA e formam Comissão em Defesa dos Povos Indígenas

Depois de 6 dias de ocupação, representantes indígenas formaram comissão para traçar ações para a luta indígena em Alagoas

24/04/2012 12:33

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Fran Ribeiro

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Seis dias após o início da ocupação do prédio da Fundação Nacional da Saúde (FUNASA) por representantes de comunidades indígenas de Alagoas, nesta terça-feira (14) uma liminar trouxe a decisão de Brasília, indeferindo a continuidade da ocupação. Até o final da tarde, os índios devem desocupar totalmente as dependências do prédio, que fica na Avenida Durval de Góes Monteiro, no Tabuleiro dos Martins.

A mobilização foi para cobrar a elaboração de políticas públicas que alcancem as comunidades indígenas. “Não existe prioridade nas políticas para as comunidades indígenas. Tem posto de saúde, mas não tem médico para fazer os atendimentos. Quando tem médico, não tem a estrutura necessária para se fazer um exame”, explicou à reportagem do Primeira Edição, Eliane Oliveira, da Rede de Educação Cidadão (RECID).

A Rede é uma das entidades da sociedade civil que, a partir de agora, compõe junto com Jeripankó, Kalankó, Karuazu, Katokinn, Koiupanká, Tingui-Botó, Xukuru-Kariri e Wassu-Cocal, a Comissão em Defesa dos Povos Indígenas, formado após um acerto feito entre os presentes na ocupação. Além da RECID, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) também faz parte da comissão.

O primeiro encontro ocorrerá já na próxima terça-feira (1º), quando as primeiras ações em defesa dos interesses dos povos originários serão discutidas e projetadas. “Nós iremos avaliar e definir as ações de forma coletiva. A comissão serve também para rearticular o movimento indígena e dar unidade à luta dos povos”, informou Eliane. O encontro ocorrerá no terreno da Fazenda Retomada, no município de Palmeira dos Índios, às 14h.

Demarcação de terras

Segundo Eliane Oliveira, a demarcação das terras indígenas em Alagoas tem sido um problema recorrente e prioritário nas pautas de reivindicação das comunidades. É o que acontece com os índios de Joaquim Gomes, que ainda não tiveram uma resposta do Governo Federal para a relocação de suas terras.

De acordo com a representante do RECID, as obras de duplicação da BR 101 passam por terras indígenas. Além disso, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) estaria assentando famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas terras que deveriam ser destinadas à comunidade indígena do município.
 

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