Paul McCartney faz show arrebatador para fãs do Recife

Arruda comportou a imensa estrutura que o ex-Beatle trouxe para o Nordeste

22/04/2012 07:28

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Definitivamente, o dia 21 de abril de 2012 não vai ser esquecido. A emoção transbordou no estádio do Arruda no primeiro show do eterno beatle Paul McCartney no Recife. De volta ao Brasil após um ano, desta vez para apresentar a turnê On the run, o cantor e compositor inglês não decepcionou os pernambucanos. Desfilou grandes suscesos da sua carreira no Quarteto de Liverpool, da sua fase solo e canções do novo disco. Acompanhada de uma banda azeitada, Paul, aos 70 anos, esbanjou simpatia (tentando falar em português - disse, por duas vezes: "povo arretado") e uma vitalidade impressionante. Foi fácil conquistar a plateia, que se emocionou com as suas belas canções, com as imagens da sua banda expostas ao fundo do palco e um show pirotécnico. Um show arrebatador que durou cerca de 3 horas. Daqueles que dão gostinho de quero mais. E McCartney sobe novamente no palco montado no estádio do Arruda para o show de despedida no Recife. No próximo dia 25, ele canta no estádio da Ressacada, em Florianópolis.

A expectativa para esse show era grande desde quando surgiram os primeiros rumores da possível vinda de Paul McCartney ao Recife. Nos arredores do estádio do Arruda, os fãs não escondiam o sorriso de poder ver de perto um dos mais importantes integrantes dos Beatles. Paul McCartney chegou ao estádio por volta das 17h para a passagem de som. E lá mesmo ficou até a hora do show. Neste momento, a fila para entrar no Arruda já estava gigantesca. Faltou organização. Ninguém sabia para onde determinada fila levava. Faltando dez minutos para o show começar, muita gente ainda estava do lado de fora. Falta ao público e organizadores pernambucanos a expertise em receber shows desse porte. O que é natural para uma cidade que não via um final de semana tão agitado culturamente como este. É um aprendizado. Tudo faz parte.

Dentro do estádio, mais ansidade. Pessoas de várias gerações estavam circulando, ou até mesmo sentadas, conversando, esperando a hora do show começar. Eleida Lins, 54, e Bárbara Martins, 71, acompanhavam seus familiares. No total, cerca de 10 pessoas. "Gostamos muito das músicas de Paul. Vale à pena a espera", disse Eleida. O jovem João Paulo Rocha, 30, veio de Salvador para assistir aos dois shows do cantor. Foi o quinto show de McCartney que ele assistiu. "Gosto dos Beatles desde garoto. Já esperava que ele viria para cá. Acho Recife mais cosmopolita do que Salvador nesse sentido de grandes shows", declarou João Paulo, que usava uma roupa semelhante a que os Beatles usaram no disco Sgt. Peppers.

Alexandre Gondim/JC Imagem

Quem teve sorte foi o fã potiguar George Holanda, que havia comprado o ingresso de arquibancada/pista pela internet, mas encontrou um cambista vendendo a pista premium por R$ 190 (o valor normal é 600). "Eu vi com um grupo de amigos de Natal. Mas como apareceu essa oportunidade, não pensei duas vezes. Fui sozinho para o outro setor para ficar mais perto de Paul McCartney.

Como era esperado, Paul McCartney foi pontual. Subiu ao palco como estava previsto: às 21h30. Começava, naquele momento, um espetáculo para não se esquecer jamais. O abre-alas foi Magical Mystery tour e, logo depois, emendou Junior's farm, All my loving e Jet. Entre uma música e outra, McCartney já mostrou que iria esbanjar simpatia. Por diversas vezes , acenou para a plateia, falou em português, fez algumas dancinhas. Ou seja, interatividade total. E os fãs orgulhosos. Afinal, estava interagindo com um mito. Paul emendou The night before (lembrou que estava tocando essa música pela primeira vez no Brasil, let me roll it, Paperback Writter e The long and winding road. Esta última foi o primeiro grande momento do show.

Em seguinda, McCartney fez uma série de homenagens: My valentine (para a sua atual esposa, Nancy), Maybe I'm Amazed ( a já falecida Linda McCartney), Here Today (John Lennon), Something (uma bela homenagem a George Harrison com direito a imagens do ex-guitarrista).

Para não parecer ingrato, Paul ainda fez uma homenagem a Ringo Star, baterista dos Beatles, cantarolando Yellow subimarine. Esta parte final do show é mais dedicada a fase do Quarteto de Liverpool. No entanto, ainda havia espaço para um clássico da sua carreira solo: Band on the run. O público gostou, acompanhando a música e de olhos atentos ao palco e ao imenso telão.

Durante toda a apresentação, Paul McCartney não deixou de interagir com o público. Se sentiu em casa mesmo. Arriscando até o "povo arretado" em três ocasiões. Sofrendo bastante com o calor pernambucano, o músico mostrou ser um multiinstrumentista de mão cheia. No palco, tocou baixo, guitarra, violão, banjo, cavaquinho e piano. O público também fez o seu papel. Quando o beatle mandou Obladi-Oblada, as máscaras de Paul McCartney apareceram. Depois, em Give peace a chance, bolas brancas e azúis. Mas o beatle hipnotizou a todos com uma impecável apresentação de Live and let die, cheia de fogos, estouros e energia (um cena bonita de se ver) e Hey jude. Nest a última, o público levantou as mãos com um papel escrito "Na", se referindo a um trecho da canção.

Alexandre Gondin / JC Imagem

O show poderia ter encerrado com Hey Jude. Assim como aconteceu nos seus últimos shows. E o público sairia satisfeito, podem ficar certos. Mas Paul McCartney queria mais. Saiu de cena e voltou com uma bandeira do Estado em punho. Deu tchauzinhos e mandou Lady Madona. Em seguida, ele chamou ao palco algumas pessoas que estavam com faixas e camisas que externavam carinho. Paul falou com todos. Abraçou e deu beijinho. Uma das moças saiu com um autógrafo na nuca. Depois, veio Get Back, Yesterdey e Helter Skelter. Depois de três petardos, Paul saiu e voltou para um medley do disco Abbey Road: Golden slubers, Carry that whigt, You never give me your money e The end, que para fazer jus ao nome, encerrou a apresentação. O público estava estático, hipnotizado até que uma explosão de papel picado nas cores amarelo e azul avisou que Sir. McCartney não estava mais no palco.

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