Repsol diz que sua fatia na YPF vale US$ 10,5 bilhões

Empresa vai pedir 'o que diz a lei', segundo jornal espanhol. Cristina Kirchner anunciou nacionalização da YPF na Argentina.

17/04/2012 11:32

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G1

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A companhia petrolífera espanhola Repsol afirmou nesta terça-feira (17) que calcula em US$ 10,5 bilhões sua participação de 57,4% em sua filial argentina YPF, que teve sua expropriação anunciada na véspera pela presidente Cristina Kirchner. De acordo com a empresa espanhola, o valor total da YPF alcança US$ 18,3 bilhões.

Falando à imprensa nesta terça, o presidente da Repsol, Antonio Brufau, afirmou que a empresa vai pedir "o que diz a lei", segundo o jornal espanhol "El Pais". "Vamos pedir o que temos direito e o que pagamos. Nossa reivindicação econômica estará baseada nesse preço", disse Brufau, de acordo com a agência de notícias Efe.

Segundo Brufau, o governo de Cristina Kirchner decidiu expropriar parte da petroleira YPF no país para "tapar a crise social e econômica que o país enfrenta". "A expropriação é apenas uma forma de tapar a crise social e econômica que a Argentina está enfrentando", insistiu. "Ao levantar a bandeira da expropriação e buscar um responsável na YPF esconde a realidade", completou.

 "Esta atuação não é própria de um país moderno. O povo deste país merece outra coisa. Estes atos não ficarão impunes", disse Brufau.

Brufau disse ainda que a campanha contra a empresa nas últimas semanas na Argentina foi "calculadamente planejada para provocar a queda da ação da YPF e facilitar a expropriação" com preço reduzido.

O governo argentino acusou a empresa de não cumprir os compromissos de investimentos no país. Kirchner enviou na segunda-feira ao Congresso um projeto de lei para declarar 51% da YPF de utilidade pública.

O ministério de Assuntos Exteriores espanhol convocou nesta terça-feira o embaixador argentino em Madri, Carlos Bettini, após a decisão do governo de Cristina Kirchner. Esta é a segunda convocação de Bettini em quatro dias.

Entenda

De acordo com a presidente Cristina Kirchner, durante anúncio na véspera, 51% das ações da companhia passarão ao controle do governo federal, enquanto os outros 49% serão distribuídos entre as províncias.

A Repsol YPF é a líder no mercado de combustíveis na Argentina. Sua filial YPF, privatizada nos anos 1990, controla 52% da capacidade de refinamento do país e dispõe de uma rede de 1.600 estações de serviços.

Umas das principais críticas é que a Repsol-YPF "reduziu em 30%-35% sua produção de petróleo nos últimos anos e mais de 40% a de gás", o que forçou a Argentina a aumentar em mais de US$ 9 bilhões as importações de hidrocarbonetos, segundo um documento das províncias.

A Repsol YPF rejeita o argumento oficial e assegura que em 2012 deve investir 15 bilhões de pesos (US$ 3,4 bilhões) no país.

"O objetivo do governo é atingir o autoabastecimento de petróleo. Analisamos cada uma das concessões e o cumprimento dos contratos. Quando isso não ocorre, a situação se reverte", disse, na sexta-feira, o ministro argentino da Economia, Hernán Lorenzino.

Disputa

A intenção de nacionalizar a companhia já provocava tensão entre Espanha e Argentina. Segundo a Espanha, o ato seria uma "agressão à segurança jurídica" existente entre os países.

"Qualquer agressão violando o princípio de segurança jurídica da Repsol será tomada como uma agressão à Espanha, que tomará as ações que julgar necessárias e pedirá o apoio que for preciso a seus sócios e aliados", disse, na sexta, o ministro de Assuntos Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo.
 

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