É preciso colocar juros em padrões internacionais, diz Dilma

A fala ocorre às vésperas de uma nova reunião do Copom (Conselho de Política Monetária) para avaliar a taxa básica de juros

13/04/2012 15:45

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Folha Online

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Em um discurso de improviso e para uma plateia de empresários, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (13) que é preciso colocar "juros e spread em padrões internacionais de custo e capital".

A fala ocorre às vésperas de uma nova reunião do Copom (Conselho de Política Monetária) para avaliar a taxa básica de juros.

Para a presidente, essas medidas são fundamentais para aumentar a produtividade do país.

"Nós temos que desmontar alguns entraves ao nosso crescimento sustentável e continuado. Esses entraves podem ser assim resumidos simplificadamente, vou falar no positivo, na necessidade de nós colocarmos os nossos juros e spread [diferença entre o custo de captação de dinheiro para os bancos e quanto cobram na ponta para o consumidor] em padrões internacionais de custo e capital", disse ao participar de cerimônia de lançamentos de institutos de tecnologia e inovação, voltado para capacitação profissional do setor de indústria.

Dilma apontou ainda como "entrave" e "amarras" para o setor produtivo problemas na tecnologia, na inovação e falta de projetistas.

A presidente afirmou que a indústria brasileira não pode se tornar "presa fácil" para a guerra cambial.

"Nós temos que estar sempre atentos para que os mecanismos de combate à crise financeira internacional e de padrão de combate à crise que os desenvolvidos adotam que lembram os anos 1930, não levem a valorização do nosso câmbio que não leve a indústria brasileira presas fáceis de um processo de canibalização."

E completou: "Temos que criar condições para que o país possa ter desoneração tributária que não comprometa a situação macroeconômica. Hoje o Brasil tem certas estruturas tributárias que se tornam pesadas para serem carregada. em um processo de crescimento sustentável e junto com isso vem a produtividade".

Acesso a tecnologia

Dilma destacou ainda que é preciso criar condições para pequenas e médias empresas terem acesso à tecnologia. Ela voltou a dizer que o governo age para fortalecer a indústria. Na semana passada, a equipe econômica lançou um pacote com medidas para o setor que foi criticado.

"Meu compromisso é com a proteção de princípios que são aqueles básicos deste país, nós temos que acabar com a pobreza, crescer de forma acelerada e isso significa também aumentar a produtividade. Temos que ter capacidade de crescer sem gerar inflação e o aumento de produtividade diminui a pressão inflacionária."

Ela citou a importância de valorizar a produção nacional e citou que a Petrobras teve problemas porque os projetos eram feitos em outros países, sem que os projetistas tivessem conhecimento da realidade da indústria brasileira.

"Temos que medir nossa capacidade de formação e, sobretudo nossa meritocracia em patente como todos os países do mundo fazem. Temos que socialmente valorizar o cientista, o tecnólogo e o inovador."

Reação

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, afirmou que o programa de apoio à competitividade da indústria brasileira do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) é o início de um processo de reação competitiva da indústria brasileira. Segundo Coutinho, a produtividade brasileira precisa crescer a níveis mais próximos de 4,5%.

"Não podemos crescer a 2%, precisamos subir a produtividade da indústria para competir e para sustentar um crescimento virtuoso e continuarmos distribuindo os ganhos. Essa é a única maneira de sustentar um desenvolvimento sustentável", afirmou Coutinho.

O baixo crescimento da indústria é esperado pelo setor, que divulgou ontem um boletim conjuntural prevendo que o PIB industrial deve crescer em torno de 2% em 2012.

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