Como Paulo Dantas virou governador bem antes de assumir o cargo

23/05/2022 16:49

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Romero Vieira Belo

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O título acima soa como paradoxo – ninguém assume mandato sem antes se eleger – mas o fato indiscutível é que a oposição contribuiu grandemente com a ‘posse’ antecipada do deputado Paulo Dantas no cargo deixado pelo governador Renan Filho.

É isso. Não fosse a jogada desastrada da oposição recorrendo à Justiça, levando para o tapetão uma questão simples e de fácil resolução, a eleição indireta teria se realizado sem maiores ruídos e muitos alagoanos hoje ainda estariam se perguntando quem, afinal, estaria no comando do Executivo estadual.

Força de expressão, mas Dantas até que poderia agradecer. Pois o que o grupo político do deputado Artur Lira e do senador Rodrigo Cunha pretendia – atrasar a sucessão por ao menos dois meses – acabou com gosto acre de frustração e de derrota eleitoral.

E não se culpe o advogado que recorreu ao Supremo Tribunal para impedir a eleição de Paulo Dantas. Justiça é assim mesmo, e políticos como Artur Lira sabe disso. Ganhou no primeiro momento, com a suspensão ordenada pelo ministro Luís Fux, mas perdeu logo em seguida, em definitivo, com o despacho de Gilmar Mendes. Isso sem contar que no julgamento do recurso pelo Pleno do STF o placar parou em 5x0...

Os ‘contras’ apostavam em uma suspensão duradoura, longa. E nem se deram conta de que, justamente por causa do imbróglio, o nome do deputado Paulo Dantas passou a ser mais badalado do que se ele já fosse governador. Para completar, o placar do pleito na Assembleia Legislativa – 21 votos a favor do deputado do MDB – repercutiu como revés contumaz, um prato indigesto servido a Lira e Cunha, que não tiveram nada a comemorar.

E para sacramentar o triunfo das forças governistas, o senador Renan Calheiros teve a providencial ideia de colocar ao lado do Paulo Dantas, como companheiro de chapa, um nome de escol, competente e íntegro: José Wanderley Neto, cardiologista renomado, um gestor com muita experiência, pois já foi secretário de Estado (Saúde) e vice-governador do Estado.

 

MISSÃO CANSATIVA, MAS GRATIFICANTE

Trata-se de missão prazerosa, claro, mas Paulo Dantas vai ter que melhorar o preparo físico para viajar o tempo todo ao interior, a fim de entregar obras construídas por Renan Filho. E será mais exigido, ainda, quando começar o roteiro de inaugurações de suas próprias obras, na capital e nos municípios em geral. E haja visibilidade, palavra que apavora os adversários políticos.

 

JUSTA HOMENAGEM AO GRANDE FÁBIO FARIAS

Fábio Farias deixa no Gabinete Civil a marca da competência e da integridade, atributos cada vez mais raros no serviço público. Ele soube como ninguém exercer o cargo priorizando os interesses do Estado, cumprindo as diretrizes do governo com desenvoltura e maestria. A vibrante e emocionada homenagem que o próprio governo lhe tributou, na despedida, significou justíssimo preito de gratidão e reconhecimento.

 

E RENAN FILHO NÃO PARA DE COLHER FRUTOS...

Renan Filho está mais do que satisfeito com seu projeto político. Além de comemorar os ótimos resultados das pesquisas de intenção de voto, o ex-governador tem visitado os municípios e presenciado eventos que atestam seu triunfo: sucessivas de inaugurações de obras que ele construiu em todo o Estado.

 

UMA LEI ‘INJUSTA’, MAS NECESSÁRIA

Não há discutir, sair de Uber ou táxi para um restaurante não é o mesmo que se deslocar no próprio automóvel. Mas a exigência do teste de bafômetro, assegurado pela camada Lei Seca, é o que se pode chamar de ‘mal necessário’. É injusto, para quem cumpre as regras do trânsito, mas imperioso para os que, mormente sob efeito do álcool, não hesitam em pôr vidas humanas em risco.

 

COMO A MÍDIA FAZ O JOGO DE BOLSONARO

A mídia nacional ainda não entendeu que está simplesmente fazendo o jogo do Bolsonaro, ao noticiar temas mastigados como críticas do presidente ao Supremo Tribunal. Ora, como não tem conquistas, avanços para projetá-lo no noticiário, JB então se mantém em evidência repisando o que sua galera gosta de ouvir. A questão é: por que a mídia não para de dar ouvidos?

 

PRIVATIZAÇÃO COM CHOQUE ELÉTRICO NAS TARIFAS

A privatização da Eletrobras, agora com sinal verde do Tribunal de Contas da União, está deixando os alagoanos em pânico. Afinal, o consumidor local tem arcado com pesados aumentos da tarifa de energia residencial, desde que a Equatorial ganhou a concorrência e assumiu o controle do setor energético estadual. O mais novo reajuste, em vigor desde 3/5, foi de quase 20%...

 

TUDO É UMA QUESTÃO DE ‘PRIORIDADE’

Não fosse o orçamento secreto, o canal de uma farra monumental com recursos públicos destinados a políticos da base governista no Congresso, o presidente Bolsonaro disporia de dinheiro suficiente para conceder reajuste ao funcionalismo público, lembrando que os servidores do Executivo federal não sabem o que é reajuste salarial há cinco anos.

 

RABO DE FOGUETE

Por que será que, na disputa presidencial, os líderes das pesquisas só falam em ‘evangélicos’, relegando a maioria católica?

 

Primeira Edição © 2011