Uma coisa é Lira na Câmara. Outra, é o Artur em Alagoas

09/05/2022 10:26

A- A+

Romero Vieira Belo

compartilhar:

Mesmo com poderes para manobrar os recursos do famigerado ‘orçamento secreto’, o deputado Artur Lira perdeu a grande batalha pelo controle da Assembleia Legislativa de Alagoas. Poderia – e deve tê-lo feito – acionar prefeitos, mormente os ligados ao seu partido, o PP, para cooptar e conquistar adesões de deputados no Legislativo Alagoano, mas não deu. Mesmo porque foi o MDB, de Renan Calheiros, o partido que mais elegeu prefeitos e vereadores no pleito municipal mais recente.

Lira não conseguiu para seu projeto político a adesão do presidente da Assembleia, Marcelo Victor, com quem travou e venceu a disputa pelo controle do União Brasil, um partido endinheirado e, hoje, abrigo de políticos de todos os matizes.

O presidente da Câmara, portanto, venceu Marcelo Victor no embate em Brasília, mas perdeu a luta – muito mais decisiva – pelo controle da maioria dos deputados estaduais.

E pela força e liderança de Victor, o MDB acabou formando uma super bancada na Casa de Tavares Bastos: são 13 deputados filiados e mais 4 ou 5 que estão abrigados em outras siglas, mas unidos sob o comando do presidente e de seus principais aliados – Renan Calheiros e Renan Filho.

Lira sabe, até porque já integrou o colegiado da ALE, o que é a força eleitoral dos deputados estaduais. Eles são 27 e equivalem a 3 bancadas federais. Somando a força do deputados aos suplentes e novos que disputarão as eleições de outubro, eles constituem uma legião de caçadores de votos, com uma vantagem: onde chegam, defendem e invocam o governo (de Renan Filho) que, sem exceção, levou obras sociais para todas as cidades alagoanas.

Artur Lira contou até aqui com um handicap: desde o ano passado deita e rola com os recursos do ‘orçamento secreto’, é verdade, mas esse suporte financeiro foi absorvido e neutralizado pela capacidade de investimento do governo alagoano. Só uma ideia: Renan Filho deixou em caixa mais de R$ 4 bilhões para serem empregados por Paulo Dantas, tão logo seja eleito governador.

Tudo isso infunde em Lira a noção de que uma coisa é levar a melhor – na Câmara, outra é ganhar a eleição – em Alagoas.

 

NUNCA SE FALOU TANTO EM PAULO DANTAS

Ao torpedear, judicialmente, a eleição de governador na Assembleia, na tentativa de ‘esconder’ o nome do deputado Paulo Dantas, a oposição pode ter dado um tiro no próprio pé. Pois, desde que o pleito indireto foi suspenso, que a mídia não para de falar em três nomes: Paulo Dantas, Renan Calheiros e Artur Lira. Ou seja, ao noticiar a encrenca, a mídia aqui e lá fora sempre mostra o nome do favorito a governador-tampão.

 

FRASE DE BRUNO TOLEDO: ‘GOLPE CONTRA O ESTADO’

Na batalha que envolve a realização da eleição indireta do governador-tampão, na Assembleia Legislativa, o deputado Bruno Toledo cunhou uma expressão que tem tudo a ver: “A oposição está praticando um golpe contra o estado”. Não confundir com ‘golpe de estado’, que significa tomar à força o poder da nação.

 

RENAN FILHO DÁ UM BANHO EM COLLOR

A mais nova sondagem do Paraná Pesquisa mostra – na disputa ao Senado – o ex-governador Renan Filho com mais do dobro das intenções de votos atribuídas ao senador Fernando Collor: 45,8% contra 22,5%. O deputado estadual Davi Filho (do grupo de Artur Lira e Rodrigo Cunha) aparece com apenas 14%.

 

LULA SEGUE LIDERANDO CORRIDA EM ALAGOAS

Na corrida presidencial, que terá influência considerável na sucessão estadual alagoana, Lula lidera com  51,1% dos votos, enquanto Bolsonaro tem 27,5%. Ciro Gomes, um dos nomes da terceira via, aparece distante de Bolsonaro, com 4,6% das intenções dos eleitores, segundo o Paraná Pesquisa.

 

CANDIDATO DO PT PRECISA DE ASSESSORAMENTO

Pré-candidato ao Planalto, o petista Lula deveria entender que lidera as pesquisas não pelo que ele diz, mas porque Bolsonaro, com tantas bobagens que faz, só o tem ajudado. Resumo: Lula deveria ficar silente, mudo. Assim, não sairia de sua boca asneira como comparar Artur Lira ao imperador do Japão que – Lula desconhece – não passa de figura decorativa no cenário de poder.

Primeira Edição © 2011