O 'petróleo é nosso', mas, quem banca o lucro dos acionistas da Petrobras?

29/11/2021 19:14

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Romero Vieira Belo

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Legalmente, o petróleo armazenado no subsolo e nas profundezas do oceano é patrimônio do povo brasileiro. A legislação assegura que toda riqueza acumulada abaixo da superfície pertence à nação. Mas, para quem vai o lucro obtido pela Petrobras, a empresa que executa a prospecção, extração e processamento do petróleo? Não para o povo, nenhum centavo para o povo.

O lucro vai para os acionistas – os investidores privados – e para a própria companhia, cujo controle acionário é exercido pelo governo, tratando-se de uma empresa de economia mista (estatal de capital aberto). Ou seja, o petróleo é nosso, mas quem paga a conta é o povo de um modo geral: de forma direta, quem possui automóvel; de forma indireta, quem paga o custo de inflação.

É trágico, mas os bilhões de reais que entram – em forma de lucro – na conta da estatal petrolífera – são bancados, também, pelos pobres e descamisados, que constituem a grande maioria do conjunto social brasileiro. Como assim? Fácil explicar: quando a Petrobras, em nome da política de paridade com as cotações do mercado internacional e do atrelamento à variação do dólar, reajusta os preços da gasolina, do diesel e do gás GLP, como vem fazendo absurdamente ao longo dos anos, ela faz a inflação disparar, e o efeito desse jogo é letal para a economia popular. Isto é, com a alta do combustível, sobem os preços dos alimentos, do transporte e da energia elétrica. Sobe tudo e isso, em termos práticos, significa redução do poder de compra. Óbvio que o açoite mais forte recai sobre o lombo dos pobres, dos sem-teto e sem-comida.

Os dirigentes da Petrobras, assim com os acionistas, invocam os gastos com equipamentos, estruturas operacionais, plataformas, refinarias, mão-de-obra. Investimento astronômico, é verdade, mas, no final, quem paga a conta? Quem paga por tudo isso e, também, pelos altos salários dos dirigentes? Ora, quem compra gasolina, diesel e gás. Ou o dinheiro também é prospectado,  extraído e processado pelos equipamentos da ‘estatal’?

Primeira Edição © 2011