Peleja da mídia com Bolsonaro é guerra sem vencedor, mas com muitos perdedores

12/04/2021 19:08

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Romero Vieira Belo

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Bolsonaro não se entende com a mídia, trata-a como inimiga visceral e recebe, em troca, um tratamento marcado por retaliações. São posições sistemáticas – ataques de parte a parte – uma guerra diária. Os dois lados faltam com a verdade, agridem-se de todas as formas, e nenhum pode invocar a condição de vítima. A vítima é a sociedade cada vez mais indefesa. 

Ao longo da pandemia – aqui se repete o que ocorreu nos Estados Unidos na era Donald Trump – a imprensa age sem nenhum compromisso com a nação. Não interessa, por exemplo, dizer que as vacinas estão chegando, que a imunização aqui avança mais rápido do que na Europa ou que a vacinação, um pouco mais adiante, ensejará a plena reativação da economia. 

Globo, Estadão, Folha – os grandes veículos, na versão impressa e online, não atuam em prol da nação, e sim contra Bolsonaro. O noticiário está totalmente politizado, senão partidarizado. Claro que a pandemia, os efeitos da tragédia, têm que ser divulgados, mas a mídia repercute a desgraça como certo ar triunfal. 

As empresas de comunicação sabem que a transmissão do vírus mortal decorre das aglomerações, dos inconsequentes eventos festivos, da rejeição ao uso de máscara facial, enfim, da falta de cuidados e de prevenção da própria população, mas o noticiário sempre encontra um pretexto para responsabilizar o governo. 

A essa altura, não adianta o presidente se corrigir, abandonar convicções errôneas e tomar novo rumo. A mídia vai espicaçá-lo do mesmo jeito. Virou um jogo e a comunicação quer vencer a todo custo, não importa o real papel que está a representar. 

Nesse sentido, a imprensa brasileira repete a ‘estratégia’ de sua congênere norte-americana. Sucede que Trump não perdeu para a mídia, perdeu para a pandemia, mas – isto é sério – a mídia que fez a campanha de Joe Biden graciosamente, para derrubar Trump, começa a perceber que Biden não é o que se imaginava... 

Em suma, aqui, a imprensa – que estava decidida a bater em Bolsonaro a todo custo, como reflexo do embate durante a campanha – acabou turbinada pelos equívocos cometidos pelo presidente em toda a trajetória da tragédia pandêmica. 

Primeira Edição © 2011