O presidente bem que poderia se impor uma leve 'correção postural'

18/02/2020 14:01

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Romero Vieira Belo

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O presidente Jair Bolsonaro tem e alimenta um defeito crônico: o de falar sem pensar. Diz o que lhe vem à mente e só depois se dá conta de que falou o que não devia. São tantas as reconsiderações que uma das expressões mais usuais da mídia atualmente é ‘Bolsonaro recua e’... Poderia ser açodamento, erro no improviso, descuido, dificuldade de contato com jornalistas, mas não é. O presidente é que parece gostar do que diz e como de diz.

Ultimamente, ele até ensaiou mudança de postura. Durante um contato com repórteres à saída do Alvorada anunciou ruptura. Disse que a imprensa só quer saber de massacrá-lo, distorce o que ele fala, retira frases do contexto para criticá-lo, e que, por isso, decidiu não falar mais aos emissários da mídia. Três dias depois, de novo à saída do Palácio da Alvorada, lá estava o presidente tentando se desvencilhar dos cutucões dos repórteres.

Poderia não ser assim, se o Capitão percebesse o óbvio: os repórteres o procuram para cumprir pautas de seus editores que, por seu turno, excutam a orientação das empresas. E o fato público e notório é que, nesse momento, nenhum veículo da imprensa nacional está interessado em noticiar as coisas boas do governo. A ordem é pintar o cenário com tinta chumbo, carregada. Quando sai um resultado positivo, ligado ao governo, noticia-se, sim, porém com um ‘mas’ no título... A adversativa anula o conteúdo válido. Exemplo: “Desemprego cai, mas ainda existem 11 milhões sem trabalho”. Tão fácil perceber isso...

Ora, a ‘grande mídia’ perdeu bilhões de reais com Bolsonaro no governo. Só o Grupo Globo embolsava meio bilhão por ano, na era petista. Comparando, os gastos atuais com propaganda são irrisórios. Então, querem que a imprensa reaja como?

Caberia, pois, ao presidente mudar sua ‘estratégia’: nada de bate-papo (ou bate-boca) com repórteres instruídos para provocá-lo, embaraçá-lo e até para distorcer o sentido de suas palavras. Assim fazendo, a fala presidencial que a mídia viesse a reproduzir não passaria de ficção. Os repórteres não buscam conversa. Querem qualquer coisa que possa expor o presidente e diminuir o governo. Só assim acham que Bolsonaro sentirá o ‘peso’ dos veículos.

 

JORNALISMO POLICIAL NAS DÉCADAS DE 70/80

Não existiu ‘jornalismo romântico’, na década de 1980, quando Jeferson Morais começou a atuar no batente. Não aqui, em Alagoas. Pelo contrário: o Jornal de Alagoas denunciou todo tipo de violência – grupos de extermínio, esquadrão da morte, queimas de arquivo – e travou verdadeira guerra com a Segurança Pública, à época comandada pelo empedernido coronel Amaral.

 

CONFRONTO DO JÁ COM A SEGURANÇA PÚBLICA

Foram anos literalmente de chumbo. Assassinaram o jornalista Tobias Granja com um tiro na nuca em plena Rua das Árvores. O repórter fotográfico Jacaré (irmão do folclórico Demétrius) foi preso por seguir o camburão da Polícia numa operação em que se tentou proibir cobertura jornalística. A guerra declarada entre o lendário Cabo Henrique e os irmãos Ernesto e Paulo Calheiros encharcava de sangue as páginas policiais do velho JA.

 

DOIS ‘FUROS’ ANTOLÓGICOS MARCARAM ÉPOCA

O Jornal de Alagoas, que editei durante 15 anos (de 1978 a 1993) liderou a cobertura policial na violenta década de 80. Noticiamos com exclusividade a morte de Ernesto Calheiros (morto a tiros pelo Cabo Henrique na Av. Siqueira Campos), e demos em primeira mão, também, a execução do prefeito de Santana do Ipanema, Adeildo Nepomuceno, líder político regional. Dois ‘furos históricos’. Não era romantismo, era bala, mesmo!

 

SEM BARULHO, O DESEMPENHO DO SENADOR RENAN

A longevidade congressual e a glória dos altos postos ocupados no Congresso da República em nada arrefeceram o ânimo de Renan Calheiros. Estudo do site Metrópoles mostra que o senador do MDB alagoano foi o campeão em produtividade na Casa, com aprovação de 21% dos projetos apresentados (14 ao todo). Para se ter uma ideia do que isso representa, Fernando Collor obteve produção zero, segundo o levantamento do Metrópoles.

 

EFEITO VIRAL DO ENSINO SUPERIOR À DISTÂNCIA

O ensino à distância, a coqueluche do momento, chegou ao mercado universitário e está abalando as estruturas do tradicional ensino presencial. O custo é infinitamente inferior, o que tem ‘aspirado’, para esses cursos online, alunos de faculdades com nome e história. É um dos efeitos revolucionários da internet agitando a educação superior.

 

PRESIDENTES DOS TJs VÃO SE REUNIR EM MACEIÓ

No período de 19 a 21 de março vindouro, Maceió vai sediar o 120º Encontro do Conselho dos Tribunais de Justiça. Trata-se de um grandioso evento irá reunir os presidentes de todas as cortes de Justiça do Brasil para troca de experiências e discussão de fórmulas que possam melhorar o desempenho do Judiciário.

 

DENÚNCIA ATINGE SENADOR CIRO NOGUEIRA

A Procuradoria-Geral da República acaba de apresentar denúncia contra o senador Ciro Nogueira no Supremo Tribunal Federal. É mais uma bomba no cenário político nacional. O piauiense Nogueira preside o PP (partido de Benedito e Artur Lira) e é acusado de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

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