PF abre inquérito para investigar porteiro que citou Bolsonaro no caso Marielle

07/11/2019 13:26

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Reuters

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A Polícia Federal abriu nesta quarta-feira um inquérito para investigar eventuais irregularidades cometidas pelo porteiro que citou o nome do presidente Jair Bolsonaro no âmbito das investigações do caso do assassinato da vereadora pelo Rio de Janeiro Marielle Franco, informou a PF.

A abertura do inquérito atende a um pedido feito pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro.

“O MPF requisitou à Polícia Federal a instauração de inquérito policial para apurar a prática, em tese, de delitos de obstrução de justiça, falso testemunho, denunciação caluniosa... praticados em desfavor de autoridade pública federal (presidente da República) no caso do depoimento do porteiro do condomínio de Bolsonaro”, disse um documento fornecido pela PF.

Na semana passada, após receber ofício do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pedindo abertura de inquérito sobre o depoimento do porteiro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminhou o caso ao MPF do Rio de Janeiro.

Há possibilidade ainda de serem investigados os crimes de calúnia e difamação contra Bolsonaro. O caso, segundo o MPF, vai correr em segredo de Justiça.

De acordo com reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, que foi ao ar também na semana passada, um porteiro que trabalha no condomínio em que Bolsonaro tem casa no Rio disse que a entrada de Élcio Queiroz, acusado de dirigir o carro usado no assassinato de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes, entrou no local dizendo que ia à residência do então deputado federal e teve a entrada autorizada pelo “seu Jair”.

O porteiro disse em depoimento, ainda de acordo com o Jornal Nacional, que, em vez de se dirigir à casa de Bolsonaro, Queiroz foi para a casa de Ronnie Lessa, acusado de efetuar os disparos que mataram a vereadora. Lessa mora no mesmo condomínio onde Bolsonaro tem casa no Rio.

A reportagem do telejornal também apontou que o sistema de presença da Câmara dos Deputados mostrou que Bolsonaro estava em Brasília no dia em que Queiroz visitou Lessa, a mesma data do assassinato de Marielle.

No dia seguinte à divulgação da reportagem, promotoras do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, responsáveis pelas investigações, disseram que o porteiro mentiu em seu depoimento.

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