Terrorista de Estrasburgo é um criminoso comum que se radicalizou na prisão

12/12/2018 16:28

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EFE

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Identificado como Chérif C. e nascido em Estrasburgo há 29 anos, o autor do massacre ocorrido nesta terça-feira na França provém, como em tantas ocasiões anteriores, do mundo da criminalidade comum e, segundo acreditam os investigadores, acabou se radicalizando após passar pela prisão.

Chérif C. foi condenado 27 vezes por roubos e atos violentos e tinha passado duas vezes pela prisão na França, além de outras na Suíça e na Alemanha, que o expulsou em 2017 de volta para a França, que reivindicava sua extradição.

Descrito como uma pessoa discreta por seus vizinhos no bairro de Neudorf, onde são abundantes os edifícios de habitação social, os testemunhos indicam uma mudança em sua personalidade nos últimos anos.

Os investigadores atribuem essa evolução em seu comportamento a uma passagem pela prisão no fim de 2015, o que levou seu nome a ser incluído no arquivo de suspeitos por radicalização.

Para o "número 2" do Ministério do Interior da França, Laurent Nuñez, sua inclusão nesse arquivo, no qual figuram aproximadamente 12 mil pessoas, não significava que ele tinha planos de cometer um ataque terrorista.

Até o atentado de ontem à noite, no qual pelo menos duas pessoas morreram no famoso mercado natalino de Estrasburgo, o mais antigo da Europa, Chérif C. aparecia nos arquivos policiais como um criminoso comum autor de roubos e atos violentos.

Um deles aconteceu em agosto e incluía uma tentativa de homicídio, o que fez com que a gendarmaria lançasse ontem pela manhã uma operação na qual foram detidas três pessoas de seu entrono, mas da qual ele conseguiu escapar por não estar em seu domicílio.

Durante as buscas em sua residência, segundo o promotor antiterrorista Rémi Heitz, os agentes encontraram uma granada defensiva, uma arma carregada, munição e quatro facas, duas delas de caça.

Chérif C. passou pela prisão em duas ocasiões e foi condenado em ambos casos a dois anos. Sua última detenção ocorreu no fim de 2015.

Segundo Nuñez, foi nesse momento que ele começou a mostrar uma agressividade crescente e um proselitismo religioso que levou o serviço de inteligência a incluí-lo na lista de investigados.

O "número 2" do Ministério do Interior garantiu que ele começou na prisão a incitar as pessoas de seu entrono a "praticarem a religião de forma radical".

No entanto, as autoridades jamais conseguiram relacionar Chérif C. com fatos de caráter terrorista. Além disso, os investigadores também revelaram que ele jamais teve a intenção de viajar para a Síria.

Chérif C. vivia sozinho no mesmo bairro que seus pais, mas em um edifício mais modesto.

"O terrorismo causou estragos mais uma vez em nosso território, lembrando-nos de maneira dramática que a ameaça continua sendo bem real", disse o promotor antiterrorista, que deu destaque tanto para o modo no qual Chérif C. atuou, entre eles o fato de ter gritado " Allahu Akbar" ("Alá é Grande"), como para seu perfil do suspeito.

Primeira Edição © 2011