Quem ganhou e quem perdeu a eleição em Alagoas

08/10/2018 12:14

A- A+

Romero Vieira Belo

compartilhar:

RENAN FILHO (MDB)

Campeão de votos. Sua reeleição tem sabor de consagração popular. Pura aclamação. Governo aprovado, gestão reconhecida, competência premiada. Sai desta sucessão como o novo líder político de Alagoas, líder regional com projeção nacional. Sua votação histórica o que coloca entre os grandes vitoriosos no cenário nacional. Deu lição de coerência e lealdade. Sua aliança com Lula e o PT foi sincera e garantiu a vitória de Fernando Haddad no Estado. Sai da eleição como um cíclope – tendo a sua frente um adversário apequenado, quase microscópico.

 

RENAN CALHEIROS (MDB)

É o grande mentor de todo o processo. Em 2014 conduziu a eleição de Renan Filho derrotando Biu de Lira. Como presidente do Congresso Nacional viabilizou a renegociação da dívida de Alagoas com a União. Com as finanças equilibradas, fruto também do ajuste fiscal, o governo de RF pôde fazer o que muitos achavam impossível. Suportou firme os ataques de Rui, as provocações gratuitas sem se deixar abalar. Sua vitória, a quarta ao Senado, prova que o povo não é bobo. O povo sabe quem faz e quem fala...

 

RUI PALMEIRA (PSDB)

O grande derrotado destas eleições. Teve medo de enfrentar Renan Filho. Foi eleito prefeito em 2012 com o principal adversário – Ronaldo Lessa – sub judicie. Em 2016 foi reeleito com Cícero Almeida denunciado pela Máfia do Lixo. Agora, esperou até a undécima hora por algum míssil dos tribunais de Brasília contra Renan Filho. Quando viu que não havia nada contra o governador, saiu de fininho. Tentou jogar Rodrigo Cunha na fogueira da sucessão. Não deu. Empurrou Collor, não deu. Aí, valeu-se de Pinto...

 

RODRIGO CUNHA (PSDB)

Foi o beneficiário do protesto popular. Recebeu o voto do indignado, do descrente, do inconformado, do pesaroso com sua condição de órfão de mãe chacinada. Teria perdido tudo, se tivesse ouvido o apelo de Rui para disputar o governo. Mas preferiu dar ouvidos a Teotonio Vilela, raposa velha, três vezes senador e duas governador. Téo salvou Cunha. Mas só o futuro dirá se Cunha atuará como representante de Alagoas ou como ‘oposicionista indignado’. Se será um político prático ou um discursista.

 

BIU DE LIRA (PP)

Não se deu conta do óbvio: nas duas vagas de senador não caberiam três ou quatro concorrentes. Era primário entender duas coisas: uma vaga seria da situação e a outra, da oposição. Subestimou Cunha? Errou – erro primário – ao avaliar que derrotaria Renan Calheiros. Sua situação complicou de vez depois que Rui entrou no Guia Eleitoral com um discurso raivoso e odiento. O prefeito o arrastou para o abismo da derrota.

 

TÉO VILELA (PSDB)

Ajudou a derrotar Biu, ao lançar Cunha ao Senado. Poderia ter convencido o rapaz de Arapiraca a disputar um mandato de deputado federal. Perdeu, no final, ao pedir voto para Biu, colocando-se contra Renan Filho, que atendeu seus pedidos pessoais, feitos ao deixar o governo no final de 2014. Agora, pediu voto para Benedito, atendendo Rui, mas sabia que o velho Biu estava perdido. Seu sobrinho Pedro Vilela perdeu o mandato de deputado federal. Esvaziou-se politicamente, fechou seu ciclo com o PSDB exibindo sinais de desintegração...

 

FERNANDO COLLOR (PTC)

Na última hora, escapou de um vexame eleitoral histórico. As pesquisas internas o salvaram. Entrou no jogo do Rui para avaliar seu potencial, mirando 2022. Em vinte dias se deu conta de que o barco do tucano estava furado. Se insistisse, seria massacrado nas urnas. Triste ocaso, desenlace penoso para quem havia sido de prefeito de Maceió a presidente da República. Em 2022 terá de abrir mão do Senado e disputar uma vaga na Câmara, por motivos mais do que óbvios...

 

PINTO DE LUNA (PROS)

Considerando o papel que aceitou desempenhar, junto com Rui, não há o que comentar.

 

MAURÍCIO QUINTELLA (PR)

Agiu como homem de coligação. Sua candidatura foi uma resposta ao lançamento de Cunha e Biu. Por isso, desempenhou papel fundamental a favor do senador Renan. Sua ausência poderia conduzir o segundo voto de Renan para Biu ou mesmo para Cunha. Na reta final, ficou clara sua disputa direta com Biu de Lira. Deputado federal, ex-ministro, jovem e experiente, tem requisitos para compor o próximo governo de Renan Filho.

 

BURRICE COLETIVA

Sob o comando de Rui Palmeira, a oposição deu um show de incompetência. Tentaram derrotar o senador Renan com ataques pessoais. Burrice coletiva. Não era preciso ser gênio: bastava pedir que o eleitor de Cunha desse o segundo voto ao Biu... pequena sutileza com efeito bombástico. Trocaram a inteligência pela força. Preferiram atacar um líder cercado de eleitores convictos... De leve, Maurício Quintella ensinou: pediu o segundo voto dos demais e, assim, derrotou Biu. Teria sido o segundo eleito não fosse o voto de protesto atribuído a Cunha.

 

Primeira Edição © 2011