Hemoal não registra AVC em crianças falcêmicas há cinco anos

Salto de qualidade foi atestado após hemocentro adotar exanguineotransfusão

07/11/2017 16:41

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Agência Alagoas

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Há cinco anos, o Hemocentro de Alagoas (Hemoal) não registra nenhum caso de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em crianças portadoras da anemia falciforme, doença que provoca a deformação das hemácias, que são os glóbulos vermelhos.

O feito inédito foi obtido depois que o órgão passou a adotar a exsanguineotransfusão, quando o sangue de uma pessoa doente é substituído, parcialmente, pelo de um doador saudável.

Esta medida representa um salto de qualidade na assistência aos falcêmicos alagoanos. Isso, porque, até 2012, cerca de 7% dos 552 alagoanos portadores da doença eram acometidos pelo popular derrame, segundo dados do Centro de Processamento de Dados do Hemoal.

O reconhecimento à excelência do tratamento ofertado pelo Hemoal aos pacientes foi atestado pelo neuropediatra do Hospital Universitário da Bahia, Camilo Vieira. Ele é autor de um estudo sobre o tema e, desde 2011, atende os falcêmicos alagoanos, realizando o Doppler Transcraniano, que detecta se um portador de anemia falciforme pode vir a desenvolver um derrame.

“O empenho de toda a equipe multidisciplinar do Hemoal é decisivo para evitar o AVC nas crianças falcêmicas. Um trabalho que se reflete em qualidade de vida, porque o derrame pode trazer graves sequelas e incapacitar para o resto da vida”, salientou Camilo Vieira.

Assistência de Qualidade

Segundo a gerente do Hemoal, Verônica Guedes, esta conquista comprova o compromisso de toda equipe em assegurar uma assistência de qualidade. “Somos uma equipe que respira vida, desde a captação dos doadores de sangue até o momento de realizarmos a transfusão. Saber que estamos entre os melhores hemocentros do Nordeste, no que se refere ao tratamento da anemia falciforme, é a nossa maior recompensa”, ressaltou.

Para a assistência aos pacientes com anemia falciforme, o Hemoal disponibiliza atendimento hematológico, social, psicológico, fisioterapêutico, nutricional, odontológico e de enfermagem. Em Alagoas, a doença afeta um em cada 1.200 nascidos vivos, principalmente entre afrodescendentes. Apesar de não ter cura, não representa uma sentença de morte.

Prova disso é a estudante Walesca dos Santos, 15 anos, que desde recém-nascida é tratada no Hemoal, nunca sofreu um AVC e leva uma vida normal. “Aqui é minha segunda casa”, relata a paciente, enquanto realiza uma transfusão sanguínea e faz questão de sorrir, exibindo as unhas das mãos pintadas de vermelho, que para ela “é a cor da vida”.

Primeira Edição © 2011