Romero Vieira Belo
compartilhar:
Desdobrada em sucessivas operações, a Lava-a-Jato vai chegando ao fim, na primeira instância, e deixa uma lição grave ao País. O juiz Sérgio Moro, baluarte desse processo histórico, adianta que as investigações estão se esgotando, pelo menos em Curitiba, onde são devassados, processados e julgados os envolvidos sem foro especial. Estes são, como se sabe, empresários, políticos sem mandato, tesoureiros e operadores de partidos.
Pelas mãos do doutor Moro passaram figuras importantes, personagens insuspeitos da vida pública e privada nacional, como Marcelo Odebrecht e Antônio Palocci – para citar dois dos mais proeminentes. Nenhum deles, entretanto, com o histórico, a fama e a consagração de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente da República, já condenado a nove anos e meio de prisão, aguarda o julgamento de recurso em tribunal de segunda instância.
A Lava-a-Jato desbaratou quadrilhas, descobriu variados esquemas de rapinagem do dinheiro público, resgatou muitos milhões de reais desviados dos cofres da nação, mandou para a cadeia políticos e empresários desonestos. Mas seu maior feito foi mostrar ao País que ninguém está acima da lei. Nem mesmo os que, com delegação popular, escreve essas leis, mas não as respeita. O que o juiz Sérgio Moro fez, nesses três anos de buscas e apurações, de inquirições e julgamentos, foi mostrar que se pode fazer justiça, mesmo quando a impressão que se tem é a de que o povo se acomodou e a nação se divorciou do império da lei.
Corrupção sempre existiu. Não começou com o PT no poder. Licitações viciadas, fraudadas, distribuição de propinas, nada disso é novidade. O novo, o espantoso exibido nas entranhas da Lava-a-Jato, foi saber que a roubalheira havia assumido dimensão sistêmica – um câncer devorando com doentia volúpia o dinheiro dos impostos que o sofrido povo paga com tanto suor e sacrifício.
PARDAIS EM FOCO
Por que será que a SMTT, em vez de instalar pardais, não adotou a sinalização eletrônica digital? Aquela que exibe, com sinais luminosos, a velocidade aferida na passagem dos veículos?
PARDAIS EM FOCO 2
Com essa opção, a SMTT não evitaria críticas, mas teria dado clara demonstração de que a implantação dos radares não visou arrecadar com multas, como acha a maioria dos motoristas.
LULA, O POVO E A PESQUISA DATAFOLHA
Está aí uma contradição carente de explicação: a mais recente pesquisa Datafolha revela que cresceu o número de eleitores favoráveis à volta de Lula à presidência, na eleição do próximo ano, mas mostra, ao mesmo tempo, que mais da metade da população entrevistada que ver o ex-presidente preso.
PARCELA NATURAL
Luiz Cavalcante, o saudoso Major Luiz, dizia que, por pior que fosse, o governo teria um terço do eleitorado. Lula conta hoje exatamente com esse percentual. Afirmam as pesquisas.
NOVO FENÔMENO
Com fama de presidenciável com chances de vitória, Jair Bolsonaro tem sido alvo de rigoroso patrulhamento. No entanto, segundo as pesquisas, continua crescendo, apesar dos ataques.
SEM GÁS PARA REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Está cada vez mais difícil o Congresso Nacional aprovar a reforma da Previdência encaminhada pelo governo de Temer. A segunda denúncia de Janot está obrigando o presidente a se desgastar na busca de apoio dos deputados. Resultado: não terá, mais adiante, como pedir também pela aprovação de uma matéria altamente impopular, em plena reta da campanha eleitoral.
Primeira Edição © 2011