A bomba que implodiu a credibilidade do Ministério Público Federal

10/09/2017 12:57

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Romero Vieira Belo

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Depende da posição do observador, ou do ângulo da abordagem. O título é muito abrangente, o que implodiu não foi, com certeza, o Ministério Público Federal, mas sua credibilidade. A instituição se sustenta, obviamente, mas sua confiabilidade foi para o espaço sob a regência desafinada do maestro Rodrigo Janot.

A bomba que explodiu no colo de Janot, no início da semana, terá efeitos devastadores. As gravações, que atingem os empresários da JBS, o Ministério Público e até o Supremo Tribunal Federal, levam rapidinho a uma conclusão: a delação de Joesley Batista não foi um acordo normal, mas uma arrumação para acomodar os interesses do rei da carne e satisfazer a ideia fixa do procurador-geral, isto é, a derrubada do presidente Michel Temer.

Num dos áudios-bomba ouve-se um executivo da JBS revelar: “O cara disse que tem cinco ministros do Supremo na mão”. O próprio Janot, após ouvir os grampos, não se conteve: “São gravíssimos”. E, no entanto, o procurador-geral baseou-se nessa gente para denunciar o presidente, sem sequer, antes, periciar a gravação, feita no Jaburu, para verificar sua autenticidade.

Quando Gilmar Mendes chamou Janot de ‘o procurador-geral mais desqualificado da história da PGR’, não houve resposta, nenhum revide. Por quê? Que medo fez o chefe do Ministério Público manter-se silente diante de tão grave assertiva?

O que resta saber, a partir de agora, é que interesse presidiu as demais delações premiadas. Em várias delas, já se sabe, os procuradores buscavam o que queriam, e não os fatos, a verdade. Estão aí os casos flagrantes de Sérgio Machado, que mentiu, e de Delcídio Amaral, que também mentiu, mas ganharam benefícios porque disseram o que os procuradores queriam ouvir...

É lastimável, profundamente lastimável, que um processo da importância e seriedade da Lava-Jato esteja comprometido pela relação promíscua e inaceitável de membros do Ministério Público com bandidos e cafajestes travestidos de colaboradores.

 

UM DESQUALIFICADO

Quanto vale a palavra de Joesley Batista, depois que ele veio a público admitir que é um mentiroso? Ou: se o Joesley de hoje mente, por que o de ontem teria falado a verdade?

 

TAMPOU O CAIXÃO

Não existe mais defesa para Lula, não depois da delação de Antônio Palocci. Não se trata de um simples delator, mas de um político com DNA petista, isto é, um ente da família petista.

 

MOTOS, ACIDENTES, SMTT, VÍTIMAS...

Em apenas meia hora, na tarde de terça-feira (5), foram registrados três acidentes na Av. Fernandes Lima. Todos com vítimas (assistidas pelos socorristas do Samu) e todos envolvendo motocicletas. Enquanto isso, a SMTT ignora ‘o papel’ das motos na estatística de acidentes, fala em redução de casos e enche a cidade de pardais ‘para salvar vidas humanas’...

 

O TETO DESABOU

A Constituição fixa o vencimento do ministro do STF como teto salarial do servidor público. É, mas vem o mesmo STF e diz que penduricalhos não entram nos cálculos. Ou seja, desabou o teto.

 

FORTUNA INTEGRAL

O TJ-MT pagou, de uma penada, R$ 503 mil a um juiz a título de ‘atrasados’. Não poderia, para evitar urros de indignação, ter ao menos dividido a bolada em cinco parcelas de R$ 100 mil?

 

ALFREDO AURÉLIO PODE DISPUTAR ELEIÇÃO 2018

Cardiologista, autor de consagrado livro sobre a responsabilidade ética dos médicos, o mestre Alfredo Aurélio Rosa Marinho, com destacada atuação na Santa Casa e no Hospital Vida, tem planos para ingressar na política. Vislumbrando uma campanha mais ética e menos endinheirada em 2018, ele admite que poderá disputar um mandato de deputado estadual. “O primeiro passo – informa – é definir por qual partido”

 

VOO PREVISÍVEL

Trilhando sempre o caminho da ética, o deputado Rodrigo Cunha dificilmente permanecerá no PSDB, depois do bombardeio sofrido pela cúpula tucana nacional nas investidas da Lava-Jato.

 

BOM DE VOTO

Com o fim das coligações nas eleições legislativas (passa a valer o voto majoritário), o ex-vereador Arnaldo Fonton bem que poderia voltar à cena política já nas próximas eleições.

 

OU PROCESSA JANOT OU ACEITA O QUE DENUNCIA

Após tachar Janot de ‘mais desqualificado da história da PGR’, Gilmar Mendes acusa o procurador-geral de ‘desequilibrado’ e uso de delação para promover ‘vingança política’. Bom, depois disso, ou Mendes processa Janot, ou aceita, apenas com gemidos, o que julga ser armações do procurador para atingi-lo.

 

O INATINGÍVEL

No meio do turbilhão, o beato Joesley Batista asseverou, cheio de humildade: “Minha chance de ser preso é zero”. Portanto, o ‘rei da carne’ se põe acima de tudo, inclusive do Supremo Tribunal.

 

FONTE DE JANOT

O que impressiona, nesse filme de atores calhordas, é saber que Rodrigo Janot usou palavras e métodos de um Joesley Batista para atingir, sem provas, a figura do presidente da República.

 

Primeira Edição © 2011