A tacada genial, que nem a mídia nem os políticos 'manjaram'

06/08/2017 10:54

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Romero Vieira Belo

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Uma estratégia genial

A estratégia de Michel Temer para rejeitar a denúncia de Janot, na Câmara dos Deputados foi simplesmente genial, embora muitos – políticos, articulistas, analistas – não tenham alcançado a sutileza empregada. Primeiro, a Rede Globo caiu naquela de, baseada numa ONG, informar que o governo havia liberado mais de 100 milhões de reais de emendas a parlamentares, em troca de voto pela rejeição do libelo. Depois, falou-se em dois bilhões de reais e, agora, sabe-se que foram repassados quatro bilhões de reais.

O genial nesse lance é que a maior fatia do dinheiro não foi para os aliados de Temer, mas precisamente para deputados da ‘oposição’. A articulação do presidente impôs um único compromisso: que os adversários, contemplados com emendas orçamentárias, comparecessem à votação. E eles compareceram.

Assim, Temer conseguiu o mais difícil: colocar no plenário da Câmara mais de 340 parlamentares. Com menos do que isso, a votação não aconteceria e seria uma derrota para o presidente. O placar final mostrou que o plano do governo foi cumprido à risca. Dos 227 deputados que disseram ‘não’ ao arquivamento da denúncia, dezenas deles haviam recebido dinheiro das impositivas. Temer precisava de 172 votos, conseguiu 263, mas não teria vencido se a oposição, agindo de forma coesa, tivesse negado o quórum. Nessa hipótese, a acusação de Janot não seria votada e o presidente ainda hoje estaria sangrando, com a imagem cada vez mais dilacerada pelos efeitos da denúncia de corrupção passiva.

Moral da história: quem escandalizou a tal ‘compra de votos’ foi a mídia, ignorando totalmente a estratégia do Planalto. Mas ficou claro que muitos deputados receberam o dinheiro das emendas e foram ao plenário para, a um só tempo, assegurar a vitória de Temer e aparecer na TV como ‘heróis da ética e da probidade’, apenas votando contra o presidente.

 

NATURAL CONVERGÊNCIA

Com os indicadores do Estado em alta, o governo de Renan Filho começa a exercer uma força gravitacional somente vista, aqui em Alagoas, na campanha eleitoral de Divaldo Suruagy em 1994.

 

PALANQUE CONSENSUAL

Naquele ano, DS se elegeu governador pela terceira vez tendo no palanque candidatos de todos os matizes ideológicos, incluindo Renan Calheiros e Téo Vilela, que se elegeram para o Senado.

 

PESQUISA; RENAN FILHO LIDERA COM FOLGA

Pesquisa do Ibrape sobre a sucessão estadual, feita no final de julho, mostra o governador Renan Filho à frente de Rui Palmeira e demais postulantes apresentados, em Maceió e nas principais cidades do Estado. Os números: em Maceió, Renan tem 21% e Rui 20%; em Arapiraca, RF aparece com 41% contra 16% de Rui; em Palmeira dos Índios, 40% para Renan e 15% para Palmeira; em Rio Largo, Renan tem 37% e Rui 26%.

 

RC NA FRENTE

Para o Senado, segundo o Ibrape, o senador Renan Calheiros também lidera a pesquisa de intenção de voto junto ao eleitorado de Maceió, Arapiraca, Palmeira dos Índios e Rio Largo.

 

TÉO EM SEGUNDO

O levantamento do Ibrape mostra o ex-governador Teotonio Vilela sempre em segundo lugar, seguido de Benedito de Lira e Marx Beltrão. Apenas em Arapiraca Téo empata com Calheiros.

 

ASSEMBLEIA HOMENAGEIA MILTON HÊNIO

Muito justa e oportuna a homenagem prestada pela Assembleia Legislativa ao médico Milton Hênio de Gouveia, conhecido por muitos como o ‘papa da pediatria alagoana’. Hênio recebeu a Comenda Lêdo Ivo, outorgada por meio de projeto apresentado pelo jovem deputado tucano Bruno Toledo, que, não por mera coincidência, teve Milton Hênio como médico na infância. A indicação recebeu o aval unânime dos deputados.

 

FAZ SENTIDO?

Durante a sessão que arquivou a denúncia contra Temer, na Câmara, os deputados petistas e aliados usaram os mesmos argumentos que serviram para derrubar Dilma Rousseff.

 

FALTOU O POVO

O que salvou o mandato de Temer não foi a ação do governo ou dos governistas sobre os deputados, mas a deliberada ausência do povo nos protestos armados contra o presidente da República.

 

POPULAÇÃO DEVERIA SER CONSULTADA

Antes de mexer na meta fiscal, a equipe econômica de Temer deveria ouvir a população com a seguinte questão básica: “Você aceita que o governo aumente o déficit orçamentário e tenha dinheiro para investir e manter a máquina operante, evitando que falte dinheiro para a saúde, educação e segurança?”.

 

MALHA DESTROÇADA

Não se pode, claro, culpar Rui pelas chuvas, mas a verdade meridiana é que a buraqueira nas ruas de Maceió precedeu o mau-tempo. A chuva, a rigor, apenas expôs a crítica situação da malha.

 

CAIXA REFORÇADO

A SMTT aposta na máquina dos pardais para fazer caixa com multas que, aplicadas este ano, deverão ser pagas em 2018. Só tem um problema: a taxa de inadimplência deverá explodir.

 

ENTRE UMA ABSOLVIÇÃO E UMA CONDENAÇÃO

As falcatruas não deixem Lula em paz. Depois de uma absolvição, em Brasília, e de uma condenação, em Curitiba, o ex-presidente acaba de ser alvejado por mais um disparo judicial: o juiz Sérgio Moro concluiu que Lula praticou lavagem de dinheiro no esquema para aquisição de um sítio em Atibaia.

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