Cadela passa dias com filhotes mortos na barriga e dona diz para ajuda: 'não precisa vir, tem jeito não'

Dona chegou a pedir ajuda, mas depois se arrependeu e disse para Grupo 'deixar para lá, pois o animal ia morrer mesmo'

25/05/2012 08:45

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Jessica Pacheco

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“Não é por que é pobre que as pessoas tratam os seus animais com esse descaso, isso é pura ignorância”, declarou a coordenadora do Grupo Vida Animal de Maceió (GVAM), Luceli Mergulhão, após atender mais um caso de maus tratos em Maceió. Uma cadela prenha passou dias sofrendo sem conseguir parir os filhotes que já estavam mortos.

A dona do animal chegou a pedir ajuda do GVAM depois de quatro dias de sofrimento de sua cadela, mas depois desistiu e dizendo que “não precisa vir não, pois ela já está morrendo, tem mais jeito não!”. Com a insistência dos voluntários do GVAM, a mulher chegou a dizer que a cadela já tinha morrido, sendo desmentida por outra pessoa que não se identificou, mas informou o endereço do local.

Segundo o denunciante, que não quis se identificar, o local fica localizado na ladeira do óleo e trabalha com sucata. Lá eles tem muitos animais, cães de guarda, todos subnutridos, vivendo sob o descaso dos donos. “Eles são pobres, realmente, mas achar que por que é cachorro pode viver de qualquer jeito, isso é ignorância”, disse o denunciante.

Ao chegar ao endereço, os voluntários do Grupo encontraram a cadela naquele sofrimento.
“A gente tem que denunciar, mesmo com as leis brandas, pois é a única coisa que temos”, reclamou a Luceli, voluntária do GVAM.

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De acordo com a voluntária, o GVAM, como não tem sede fixa, e a casa dos voluntários já esta cheia de animais recolhidos, nos casos de animais que tem dono, mesmo que sejam pobres, são devolvidos, contudo, os donos passam por um periodo de avaliações e após a devolução o GVAM continua acompanhando o caso e, se os maus trataos se repetirem, o animal é recolhido pelo Grupo. Segundo Luceli, a dona desse animal procurou o GVAM se disse arrependida e garantiu que queria o animal de volta e, mesmo contrariada, a voluntária diz que esse é o único jeito.

“Não se tem muito o que fazer. Nesse caso, a cadela foi recolhida, passou por tratamento veterinário, onde foi realizada uma cesárea para tirar os filhotes que estavam podres dentro dela, depois foi castrada e devolvida a dona”, detalhou a protetora. “Nós denunciamos, mas o máximo que acontece é deixar a pessoa com a ficha suja. Agora nos procuramos orientar o dono e esperamos que não aconteça mais, caso aconteça nós voltamos a denunciar e recolhemos o animal”, disse.

A cadelinha ainda está sob os tratamento do GVAM, pois ainda não se recuperou totalmente.

Ignorância

Para Luceli Mergulhão, a pobreza não é justificativa para maltratar os animais domésticos, ou criá-los de qualquer jeito, a ignorância das pessoas sim, e para elas, não são apenas os pobres que são ignorantes a esse respeito.

“Um exemplo é a castração de cão macho. As pessoas não deixam os seus animais machos serem castrados é uma polêmica quando a gente fala nisso, pois acham que o animal vai deixar de ser ‘macho’, se for de raça então, é ainda pior: ‘você quer transformar meu cachorro em bicha’, eles dizem. É muita ignorância”, lamentou a protetora. “A castração no macho não retira nada, é meio que uma vasectomia no homem”, explicou.

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