Acidentes de trânsito podem causar múltiplos traumas em órgãos vitais

Esse é o caso do cantor Pedro, que bateu carro em Goiás no dia 20. Entenda como funciona uma UTI e para que serve a hemodiálise.

27/04/2012 13:55

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Bem Estar

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Acidentes de trânsito podem provocar inúmeros traumatismos, fraturas ósseas e problemas em órgãos vitais, como cérebro, coração e pulmões. Esse é o caso do cantor Pedro Leonardo, que capotou o carro em Goiás há uma semana, quando voltava de um show, e está internado desde quinta-feira (26) no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Para explicar por que acidentes de veículos podem ser tão graves, a importância de usar sempre o cinto de segurança – inclusive no banco de trás – e o que fazer diante de uma vítima, o Bem Estar desta sexta (27) convidou o chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Sírio-Libanês, Guilherme Schettino, e a consultora Ana Escobar.

O alerta vale também para esta véspera de feriado, quando milhões de brasileiros pegam as estradas do país inteiro.

Como funciona a UTI

A UTI é o centro médico para onde são enviados pacientes muito graves, como os que têm múltiplas fraturas e principalmente problemas cerebrais. Quando uma pessoa sofre um acidente grave, o organismo fica muito abalado, muitas vezes em pré-óbito, e pode ocorrer insuficiência de vários órgãos.

Os aparelhos da UTI são usados para desempenhar as funções que os órgãos como coração e pulmões não conseguem. Os batimentos cardíacos, a pressão arterial e a temperatura do corpo são monitorados.

Além disso, um aparelho é colocado na traqueia da vítima para ventilar os pulmões, e também há controle da pressão do ar jogado nos pulmões. O paciente recebe alguns medicamentos para abrir e fechar os vasos (vasodilatação) e para manter a oxigenação do sangue e, consequentemente, das partes nobres do corpo, como coração e cérebro.

Na UTI, a alimentação é feita pela veia e chamada de nutrição parenteral, uma solução que contém proteínas e aminoácidos. Em alguns casos, também é colocada gordura. Para hidratar o corpo, a pessoa recebe um soro com sódio, potássio e glicose.

Múltiplos traumas e socorro à vítima

Traumatismos como o de Pedro atingem mais de um órgão, e a gravidade depende da quantidade e de quais partes foram comprometidas. Quanto mais jovem o paciente, maior a chance de cura. E o mais importante de tudo é preservar a atividade cerebral.

No abdômen, pode ocorrer sangramento que não se exterioriza. Com menos sangue nas artérias, o quadro se agrava.

Além disso, inchaço no cérebro prejudica a entrada de sangue no local. Por isso, ao atender uma pessoa com traumatismo craniano, os médicos logo diminuem a atividade cerebral por meio de sedativos. Coloca-se um cateter, para medir e aliviar a pressão intracraniana, e aplicam-se remédios para regular essa pressão.

Quando há um coágulo no cérebro, é preciso abrir um pequeno pedaço na caixa intracraniana para reduzir a pressão. A passagem permanece aberta até a estabilização do quadro.

No socorro, também é muito importante não mexer na vítima, a não ser que haja risco de ela se machucar ainda mais. Movimentar a pessoa pode agravar, por exemplo, uma lesão na coluna. Acionar o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu), no número 192, ou o Corpo de Bombeiros (193) deve ser o primeiro passo.

Para que serve a hemodiálise

Os rins param de funcionar quando um indivíduo sofre um acidente com traumas e há sangramento interno. O organismo entra em choque, e o tratamento com hemodiálise é fundamental para filtrar as impurezas do sangue. Isso porque ninguém sobrevive sem o funcionamento dos rins, razão pela qual a hemodiálise é tão importante.

Quando os rins não funcionam normalmente, um cateter é colocado numa veia grande, para puxar todo o sangue do corpo. O sangue entra num equipamento que retira as impurezas – como ureia e creatinina – e volta limpo para o corpo.

O tratamento é feito até que os rins do paciente voltem a funcionar perfeitamente. Para controlar as impurezas no sangue, são feitos diariamente exames em quem está internado na UTI.

Internação de Pedro Leonardo

Pedro foi internado no Hospital Sírio-Libanês pouco antes das 17h de quinta-feira. Segundo a assessoria do hospital, a médica Ludhmila Hajjar, coordenadora da UTI cardiológica, acompanhou o cantor na ambulância. No hospital, ele será cuidado pela equipe do médico Roberto Kalil Filho.

A viagem até a capital paulista começou às 12h35, quando ele deixou o Instituto Ortopédico de Goiânia (IOG). O jovem foi embarcado em um avião com UTI e fez um voo de cerca de 1h30.

Todo o traslado foi cercado de cuidados para evitar complicações para o paciente. O avião pousou no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, às 15h26. Cerca de 40 minutos depois da aterrissagem, a equipe médica concluiu a retirada da maca da aeronave e o cantor foi levado em uma ambulância para o Sírio-Libanês.

O deslocamento da ambulância pelas ruas de São Paulo foi apoiado pela escolta de equipes da Polícia Militar e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que chegaram a interditar um sentido do corredor norte-sul na saída do aeroporto. Um carro da Polícia Militar seguiu à frente do veículo com o paciente durante todo o trajeto. No horário, por causa da chuva em algumas regiões, a cidade estava em estado de atenção para alagamentos.

O acidente

Pedro Leonardo sofreu um acidente de carro na rodovia MGC-452 na sexta-feira (20), quando voltava de um show. O acidente foi próximo do município de Tupaciguara (MG). Ele foi inicialmente levado ao Hospital Municipal de Itumbiara, onde passou por cirurgia para conter uma hemorragia abdominal e transferido na mesma sexta para Goiânia.

O paciente ainda está em estado grave, mas respondeu positivamente aos tratamentos desde que deu entrada no IOG. Há dois dias, as drogas que o mantêm em coma induzido foram sendo gradativamente diminuídas. Somente para a remoção, segundo o médicos, os medicamentos tiveram de ser novamente aumentados.

Exames mostram a diminuição do edema cerebral e uma melhora na condição pulmonar. Devido a uma insuficiência renal, Pedro ainda passou por duas sessões de hemodiálise, com duração de oito horas cada, e respondeu ao procedimento sem complicações.

Primeira Edição © 2011