Sarkozy volta atrás e nega resgate de jornalista francesa na Síria

A ONU anunciou nesta terça-feira que a estimativa de mortes na Síria foi elavada para mais de 7.500 desde o início dos protestos, há 11 meses

28/02/2012 15:53

A- A+

Folha

compartilhar:

Apesar da confirmação da presença da jornalista francesa Edith Bouvier no Líbano, e da declaração anterior de Nicolas Sarkozy, o presidente francês voltou atrás e disse que não há "confirmações de que ela se encontra em segurança no Líbano", segundo informações do site do jornal francês "Le Monde".

"Eu fui impreciso, peço desculpa a todos", afirmou Sarkozy, explicando que a situação era "extramente complexa".

A direção do jornal "Le Figaro" para o qual Bouvier trabalha disse que fontes diplomáticas informaram que ela não estava no Líbano e que teria permanecido na Síria. "É falso dizer que ela está sã e salva no Líbano" disse a direção do jornal.

Bouvier fraturou a perna no mesmo bombardeio em Homs que matou o fotógrafo francês Rémi Ochlik e a jornalista americana Marie Colvin no dia 22 de fevereiro.

Mais cedo, foi confirmada a saída do britânico Paul Conroy, 47, ferido no mesmo ataque do Exército em Homs. Após cruzar a fronteira de madrugada, ele foi levado a Beirute, onde recebeu assistência da embaixada britânica.

Na semana passada, opositores divulgaram um vídeo em que Bouvier, dizia ter fraturado a perna no bombardeio e pedia ajuda para sair de Homs e receber atendimento médico apropriado.

A confirmação de que Conroy e Bouvier haviam chegado ao Líbano em segurança havia sido motivo de grande comemoração na sede da ACAS, em Istambul, onde boas notícias tem sido raras.

Sitiada há quase um mês pelas forças sírias, a cidade de Homs tornou-se o principal bastião rebelde e o maior foco da violência do regime sírio, com centenas de civis mortos, segundo ativistas.

Os jornalistas foram atingidos em um centro de imprensa da oposição no bairro de Baba Amr, o mais castigado pela ofensiva. Segundo relatos, 64 civis foram mortos anteontem ao tentar escapar do bairro sitiado.

MORTOS

A ONU anunciou nesta terça-feira que a estimativa de mortes na Síria foi elavada para mais de 7.500 desde o início dos protestos, há 11 meses.

O número anterior, de janeiro, apontava 5.400 mortes. Grupos de oposição ao regime de Bashar al Assad, que sempre divulgaram cifras mais altas, já apontam mais de 8.500 vítimas da repressão.

"Há informes críveis de que a contagem de mortes agora ultrapassa 100 civis por dia, incluindo mulheres e crianças", disse o secretário-adjunto das Nações Unidas, Lynn Pascoe, à agência Associated Press.

Somente ontem, segundo estimativas do grupo opositor CCL (Comitês de Coordenação Local), 124 pessoas teriam morrido em todo o país.

Desde janeiro, as forças de repressão de Bashar al-Assad procederam ao bombardeio de cidades consideradas como enclaves rebeldes, com ênfase em Homs.

No mês passado, a ONU chegou a desistir de fazer a contagem de vítimas, devido à dificuldade em levantar essas informações.

Primeira Edição © 2011