Editorial desta semana: Efeitos de uma operação

23/01/2012 06:50

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Jornal Primeira Edição

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A Operação Taturana vai aos poucos se escondendo nas brumas do esquecimento, mas seus efeitos se farão sentir por muito tempo ainda.

Desencadeada em dezembro de 2007, a mais rigorosa ação da Polícia Federal em Alagoas estancou a sangria de recursos da Assembleia Legislativa. Primeira conseqüência: toda a Mesa Diretora da ALE foi destituída por medida judicial.

Os fatos, os nomes e mesmos os valores desviados (até hoje motivo de controvérsia) já não estão tão nítidos na memória das pessoas. Inexorável, o tempo vai esmaecendo cores, erodindo imagens, corroendo dados. Mas, por muito tempo, os alagoanos mais atentos aos fatos relevantes do processo histórico guardarão na retina os fragmentos de vídeos mostrando deputados presos, ex-deputados sendo levados para a sede da PF, algemados.

A operação batizada com o nome de uma formiga devoradora vai ficando para trás, mas seus efeitos se consolidaram. Além de desintegrar um esquema vil de ataque a recursos públicos, a ação serviu para mostrar que, mesmo blindados pela imunidade, os parlamentares não estão acima da lei – pelo menos da lei criada para combater a improbidade administrativa.

Serviu, também, para conter o inchaço do duodécimo repassado aos deputados e cujo excesso só estimulava a concepção de mecanismos de desvios, a exemplo das gratificações tão milionárias quanto injustificáveis e, portanto, imorais.

Não foi, é verdade, o antídoto definitivo para os males quase inerentes a um poder submetido a todo tipo de rapinagem, mas funcionou como dique de contenção e ainda sensibilizou a sociedade a dirigir, em atitude permanente, um olhar crítico e fiscalizador aos atos praticados nos gabinetes quase sempre insondáveis do nosso polêmico Legislativo Estadual.

 

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