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Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL); formação acadêmica em Filosofia (FJP/RJ) e Teologia (PUC/RJ), e mestrado em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB/MS); Dourando Université Stendhal Grenoble 3 (França) e Pontifícia Universidade Católica (PUC - Minas). Membro do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e professor Titular do Centro Universitário Cesmac. Tem experiência profissional nas áreas de Comunicação Social, Antropologia, Assessoria Parlamentar e Teoria Política.

VAQUEIRO ASSUME PRESIDÊNCIA DA CÂMARA DE ÁGUA BRANCA

03/01/2015 19:32

VAQUEIRO ASSUME PRESIDÊNCIA DA CÂMARA DE ÁGUA BRANCA

 

Jorge Vieira – Jornalista

 

A Câmara de Vereadores de Água Branca tem pela primeira vez na presidência um vaqueiro, o vereador Maciel da Silva (PRB/AL), mais conhecido por Maciel Coito. Eleito em 2012 com 441 votos, depois de dois anos de mandato, foi empossado no cargo de presidente do poder Legislativo, com os outros membros da nova mesa diretora para o biênio 2015-2016, no primeiro dia de janeiro de 2015.

Residente na comunidade rural Quixabeira, região do alto sertão de Alagoas, localizada a 20 km do centro administrativo, Maciel Coito é vaqueiro e agricultor por tradição familiar, e encontra-se próximo de concluir o curso de pedagogia. Logo cedo despontou como liderança dos vaqueiros e líder comunitário, trabalhando na roça e cuidando dos animais no campo, tarefas que desenvolve até os dias atuais antes de ir para as sessões na Câmara. Como professor da comunidade, trabalhou na alfabetização, promovendo festas na escola e de vaquejada, incentivando a população a se mobilizar e participar das reuniões, com o objetivo de reivindicar melhorias para a comunidade, visto que a região é marcada pela seca e ausência de políticas públicas.

Com a falta de assistência dos órgãos públicos, principalmente nas áreas de abastecimento de água, educação e saúde, utiliza seu veículo para transportar cotidianamente pessoas necessitadas para hospitais de Água Branca e Paulo Afonso, no estado da Bahia, inclusive os membros do povo indígena Kalankó.

Com essa trajetória de militância nas comunidades, candidatou-se a vereador pela primeira vez em 2008, não sendo eleito por apenas quatro votos. Em 2012, superando preconceito e discriminação, finalmente foi eleito, assumindo o mandato vestido de gibão – roupa tradicional do vaqueiro, confeccionada com o couro de boi -, cantando toadas e aboiadas. Como homem da roça, simples e honesto, mostrou a sociedade que era possível fazer política de forma séria e na defesa da justiça. Com isso, conquistou a admiração e o respeito dos colegas vereadores e da sociedade água-branquense.

Nos últimos dois anos foi ativo no poder legislativo, conduzindo seu trabalho de forma competente e honesta, fiscalizando, reivindicando melhorias para a população do município e cobrando transparência da mesa diretora na administração dos recursos.

Afirmou Maciel Coito: “É com essa experiência e determinação que vou conduzir, em conjunto com os outros membros da mesa diretora, as mudanças necessárias na Câmara de Vereadores, renovando, assim, a esperança no trabalho honesto, transparente e participativo, fazendo com que a casa legislativa retome sua credibilidade e respeito da população, implantando um novo pensamento político para Água Branca”.

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ALAGOAS: A ESPERANÇA SE RENOVA

26/12/2014 14:19

ALAGOAS 2015: A ESPERANÇA SE RENOVA

 

Jorge Vieira – Jornalista

 

Avizinha-se mais um ano! Em todas as sociedades, particularmente para os ocidentais, a passagem é um momento de celebração, de festa e de esperança. Mas, para o Estado de Alagoas, diferentemente do que ocorreu recentemente, o próximo ano tem um sabor de renovação! É como se Esperança tivesse desaparecido e agora renasce com a perspectiva alimentada pela posse do novo governo Renan Filho.

Do ponto de vista da economia, Alagoas é um Estado marcado historicamente pela monocultura da cana de açúcar, mesmo que outras culturas tenha se desenvolvido ao longo dos tempos, a exemplo do algodão e pecuária. Entretanto, o setor sucroalcooleiro predomina. E, com isso, a maior parte da população é penalizada pela falta de possibilidades de empregos, principalmente em períodos em que o setor deixa de produzir o volume planejado.

Mais do que em outros estados da federação e regiões, o Estado cumpre um papel fundamental, principalmente através das políticas públicas. Na sua ausência, as consequências são visíveis, especialmente para as camadas mais carentes que precisam da geração de emprego e renda, da educação, da saúde e de segurança pública. As constantes publicações e estudos estatísticos demonstram o nível de desenvolvimento econômico, de educação no ensino fundamental e médio, do desenvolvimento humano e da crescente e galopante violência em que se encontra Alagoas.

Nesse contexto é que o novo governo simboliza a possibilidade de reverter esse quadro tão conhecido, quantificado e debatido por especialistas e pela sociedade em geral. E o governador eleito tem todas as condições para exercer esse papel. Primeiro, pela própria juventude, experiência e capacidade política que tem para canalizar as forças políticas locais e nacionais em prol do Estado; depois, pelas condições criadas pela conjuntura política e econômica.

Aliados do governador Renan Filho, foram eleitos a maioria de deputados da Assembleia Legislativa e da Câmara Federal, o senador Fernando Collor e, na presidência da República, o vice do seu partido, Michel Temer e a presidenta Dilma Rousseff. Além do resultado de 2014, conta ainda com o atual presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros.

Com essas perspectivas favoráveis, já se observa algumas sinalizações significativas em seus discursos, a exemplo da preocupação com o investimento nas áreas da educação, saúde e segurança, como também no enxugamento e eficiência da máquina administrativa. Em nível da indicação do secretariado, o nome do jornalista Ênio Lins demonstra o nível profissionalismo, competência e habilidade política no campo da comunicação do estado.

E nesse cenário que os alagoanos se preparam e esperam a chegada de 2015, com posse do novo mandatário de Alagoas: Renan Filho!

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DA ALDEIA ÀS TRILHAS DA ACADEMIA

14/12/2014 17:03

DA ALDEIA ÀS TRILHAS DA ACADEMIA

 

Jorge Vieira – Jornalista

 

Em Belo Horizonte/MG, no Campus da Pontifícia Universidade Católica (PUC MINAS), no dia 17 de novembro, por cerca de 5 horas, fiz a defesa da Tese "PRÁTICAS IDENTITÁRIAS E RESSIGNIFICAÇÃO DO UNIVERSO IMAGINÁRIO DOS POVOS INDÍGENAS DO SERTÃO DE ALAGOAS", sob a presidência do Prof. Dr. Hugo Mari e da Comissão Examinadora, composta pelos franceses Prof. Dr. Philippe Walter (orientador) e Prof. Dr. Bernard Emery, ambos da Université Stendhal Grenoble III, Profa. Dra. Juliana Alves Assis e o suplente Prof. Dr. Luiz Carlos da PUC, Prof. Douglas Apratto (CESMAC), aprovado com o conceito "très honorable".

Tudo começou com a militância com os povos indígenas do Nordeste, inicialmente com o povo Xokó, aldeia Ilha de São Pedro, Sergipe, em 1978. De lá para o Seminário São José e PUC do Rio de Janeiro, passando pelo Instituto de Teologia do Recife (ITER) e Instituto Cajama/SP. Entre a reflexão filosófica e teológica, o aprendizado com os pobres da periferia na Baixada Fluminense, município de Nova Iguaçu, com as comunidades do Cristo Redentor e Palhada; em São Gonçalo, nas comunidades de Laranjal e Marambaia; em Recife, com os favelados do Alto da Conceição e Córrego São Domingos; em Pombos, Pernambuco, com os trabalhadores rurais de Pé de Serra.

Inquieto e alimentado pelo compromisso com os pobres, calçando sandálias havaianas, calça de saco e camiseta, aporto no povo Fulni-ô, em Águas Belas, Pernambuco. Juntando-me aos companheiros da utopia do Reino de Deus, Saulo Feitosa e Ivamilson Barbalho, formamos a equipe missionária do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Para sobreviver, enquanto a colheita da roça não chegava, dava aula de alfabetização no Método Paulo Freire para os Fulni-ô de Barretinho e agricultores da região.

De volta para Alagoas, de imediato encaro a luta pela recuperação do território do povo Xucuru-Kariri, curso jornalismo na UFAl e encontro o professor Sávio de Almeida, com quem inicio a pesquisa com o povo Karapotó de São Sebastião. Quando tudo parecia estar resolvido quanto à quantidade dos grupos indígenas, migro para o sertão de Alagoas e encontro os povos Geripankó, Kalankó, Karuazu, Katökinn e Koiupanká.

Mais uma vez rumo para uma nova missão no Mato Grosso do Sul, onde trabalho com os povos Guarany e Terena. No pantanal, junto o indigenismo à pesquisa científica, no Mestrado da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB/MS), com a defesa do tema “Desenvolvimento Local na Perspectiva do Povo Terena de Cachoeirinha, município de Miranda/MS”.

Em mais um retorno à terra natal, além de missionário do CIMI entro na academia como professor do Curso de Comunicação Social do CESMAC, e, logo depois, passo a ministrar aula no curso de Direito, além de desenvolver projetos de extensão e de iniciação científica. Com isso, o CESMAC torna-se a primeira instituição de Ensino Superior em Alagoas a realizar projeto de extensão em áreas indígenas, seguido de projetos de iniciação científica. São dez anos de dedicação acadêmica no CESMAC, articulando militância indigenista, conhecimento científico e pesquisa de campo.

Ao encerrar o doutoramento, dedico ao Centro Universitário CESMAC, através do Magnífico Reitor Dr. João Sampaio e vice-reitor Prof. Dr. Douglas Apratto, pelo incomensurável apoio institucional, dedico o título de Doutor alcançado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC MINAS) e pela Université Stendhal Grenoble II, França.

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Defesa de Tese - Jorge Vieira

17/11/2014 20:09

Depois de submeter à Comissão Examinadora, composta pelos ORIENTADORES: Prof. Dr. Philippe Walter (Grenoble III) e Prof. Dr. Hugo Mari (PUC Minas); PROF. Dr. Bernard Emery (Grenoble III), Prof. Dr. Douglas Apratto Tenório (CESMAC), Profª. Drª. Juliana Alves Assis (PUC Minas), Prof. Dr. Luiz Carlos (PUC Minas), durante 5 horas, a minha Tese "PRÁTICAS IDENTITÁRIAS E RESSIGNIFICAÇÃO DO UNIVERSO IMAGINÁRIO DOS POVOS INDÍGENAS DO SERTÃO DE ALAGOAS", foi aprovada com o conceito "três honorable". Muito obrigado!! Jorge Vieira

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NORDESTE: DESCONSTRUINDO PRECONCEITOS

13/11/2014 16:37

NORDESTE: DESCONSTRUINDO PRECONCEITOS Jorge Vieira – Jornalista A população nordestina se deparou, nos últimos meses, com um dos mais perversos e descabidos preconceitos desferido por parcelas da sociedade brasileira residentes nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, hipoteticamente da classe média e alta, mas precisamente caracterizadas por segmentos conservadores aliados aos interesses e pensamento da burguesia reacionária nacional, com ampla cobertura e apoio dos grandes meios de comunicação de massa e das redes sociais. O Nordeste, admirado, cantado e decantado pelos “sulistas” por sua beleza natural, capitaneada pelas praias, rios e lagoas; por sua rica culinária, artesanato e manifestações populares. De repente, a sua população é atacada violentamente como um bando de “miseráveis”, “mendigos”, “ignorantes”, “acomodados”, “preguiçosos” e “analfabetos”. Mas de onde vem tanta brutalidade, desrespeito e violência? Pasme! Originado exatamente da autoproclamada sociedade pretensamente civilizada, rica e bem educada, brancos de olhos azuis! Mas por que tanto ódio e intransigência para com o nordestino?! A Antropologia Cultural identifica que, inicialmente, faz parte do ser humano o etnocentrismo, ou seja, cada grupo social coloca-se no centro e enxerga e julga o “outro” a partir do próprio mundo em que está inserido. Mas a própria antropologia cuidou de contribuir para a relativização cultural na medida em que o “eu” coloca-se no lugar do “outro” na perspectiva de compreender o seu mundo. Historicamente, o Nordeste foi o primeiro lugar onde os europeus desembarcaram - portugueses, franceses, italianos, espanhóis e holandeses -, para colonizar, escravizar, matar, explorar e espoliar as riquezas aqui encontradas. Os nativos, livres e autônomos, tornaram-se escravos e selvagens. Com o tempo, trouxeram os grupos africanos para garantir a economia e negócios das metrópoles europeias. E, por fim, os pobres, resultado da mistura imposta aos indígenas, negros e brancos pobres. O sistema escravista se manteve até quando não interessava mais ao sistema capitalista capitaneado pelos ingleses. Aos negros, indígenas e pobres, restaram aldeias desertas e famintas, quilombos pisados e grotões para as moradias. À elite nativa, a subserviência aos interesses da metrópole e, depois, ao capital financeiro internacional; seus filhos, como servos e cordeirinhos adestrados, como sinal de evolução, foram embarcados para estudar a “ordem e do progresso” para que, de volta à terra natal, reproduzissem os interesses da metrópole. Na literatura que trata e retrata o Nordeste, encontram-se duas vertentes: a conservadora, com seu ufanismo congênito, exalta o modelo da Casa Grande, rodeada pelo engenho e dominada pela economia açucareira; a progressista caracteriza-se pela dominação da classe dominante sobre os miseráveis destruídos pela seca. Nas duas perspectivas, construídas e inventadas de acordo com os seus interesses conjunturais econômicos, políticos e ideológicos, solidificaram e promoveram de forma direta ou indiretamente o preconceito contra a população nordestina, descaracterizando a resistência política, a diversidade étnica e cultural e a riqueza da região. Compreende-se que é, nesse contexto, onde está encontra-se o preconceito explicitado durante o último processo eleitoral. Secularmente, como escrito acima, a dita população nordestina foi espoliada dos seus territórios, seja brasileiro ou africano, tornou-se apenas mão de obra escrava nos dos engenhos, usinas e fazendas e, durante a maior parte do período republicano, nas construções das cidades e na produção industrial, sem acesso ao estudo e ao bem estar social. À medida que, na última década, as políticas públicas possibilitaram aos pobres, direito garantido na Constituição brasileira, o acesso a alimentação, saúde, educação e emprego, conquistaram a liberdade de poder escolher quando, onde e para quem trabalhar, os setores mais favorecidos sofrem psicologicamente com a presença deles voando na mesma aeronave, estudando na mesma universidade do seu filho e passeando no mesmo Shopping Center. As eleições para a presidência da República foram o canal para a expressão da insatisfação, por um lado, e, por outro, de aprovação do projeto de Estado de Bem Estar Social em curso. E, por sua vez, os meios de comunicação, que têm como atribuição constitucional promover a informação objetiva e a igualdade social, ao contrário, parcela importante dos grandes meios de comunicação ecoaram incentivou e impulsionou os preconceitos e as intransigências contra a população nordestina. À população brasileira cabe a tomada de consciência cidadã e do seu papel social na construção de uma sociedade que não aceita o preconceito de qualquer natureza, seja de ordem social, econômica, orientação sexual, gênero, política, ideológica, étnica, cultural e geográfica. E, no caso em questão, com a palavra os poderes constituídos, especialmente a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal no cumprimento do ordenamento Jurídico brasileiro e internacional. A impunidade é o encorajamento para as praticas preconceituosas, xenófobas e para a proliferação da discriminação.

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Primeira Edição © 2011