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GARIMPOS DE MIM - 2

14/04/2014 11:24

 

Se a gente não brincar, endoida irmãos!                                                  * * *
Eu não sou bem de vida, sou de bem com a vida!
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Certa vez, uma cigana  no meio da rua em Salvador me disse que eu fui um Imperador na vida passada. Não sei qual, mas agora estou pagando esse carma aqui abaixo da linha do equador, não sei o que eu fiz. Acho que tive mordomo devido minhas exigências degustativas e conforto. Eu não acredito em cigana, mas se fosse o caso poderia pensar que tivesse sido talvez um César, Ivan o terrível, Napoleão, Alexandre o Grande, mas, tomara que não, pois estes mataram muita gente. Preferia ter sido D. Pedro II que também enfrentou uma guerra contra o Paraguai, a qual  foi talvez seu maior erro histórico. E algumas rebeliões, mas tudo com o intuito de manter íntegro o território nacional. Só fazendo uma regressão.Podia ter sido, inclusive, o Marco Antonio. Mas, o fato, verdade ou não, ultimamente tenho visto muito falar nesse negócio de vidas passadas. São crenças oriundas do Oriente.

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Quando faltavam 25 dias para o fim do mundo, eu ainda não tinha decidido com que roupa iria; só sei que pelo menos alguma coisa aconteceu, pois o mundo em si não acabou; mas, daqueles dias pra cá muitos dias acabaram, e os mesmos, não voltam mais.

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Igualmente a Vinícius de Moraes, como disse Jô Soares, Roberto Carlos também pode ser considerado um grande poeta lírico, porque só um grande poeta pode dizer frases como esta: " Mas se não for por amor, me deixe aqui no chão". Linda frase?! Agora vamos ver o que o rei do iê iê iê vai fazer depois de sua publicidade na Free Boi. Talvez, uma música com título, “Essa carne”.

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1. O que os olhos não vêem o coração não sente. É mentira, pois o que os olhos não vêem o coração só sente , e como sente. Por isso, que amor platônico dizem ser dos melhores porque nunca acaba. O amor platônico não é declarado; se declarado, deixa de ser platônico. Amor platônico é um tormento. O fato é que ninguém mais quer sofrer com dor de amor. Então não amem, ponham uma pedra no coração, e sejam todos duros e frios como as próprias pedras; é bastante cômodo. Tem pessoas que aguardam aquele amor perfeito descrito no seu diário ou caderninho. Só que o amor é sempre aquela pessoa imperfeita do seu caderninho, e muitas vezes até assusta. Mas é esse seu amor; é assim e você tem que aceitar se quiser amar. Porque se não for assim, vai ser difícil amar.

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Racismo é um discurso tão antigo que me dar nojo. É um defunto vivo que já está fedendo. Culpa dos que colocaram esta excrescência num artigo da Constituição Federal. Como sempre o Brasil na contra-mão e olhando pra trás. O Brasil é um país mestiço, essa coisa de branco é conversa fiada, e nossos negros não são mais negros, prova disso foi o exame realizado em Neguinho da Beija Flor que detectou 67% de seus cromossomos brancos para o restante negro e amarelo. Aliás, amarelo vem da raça indígena,  mas nós pejorativamente vemos o amarelo como uma espécie de sarará. A política de imigração até meados do século XX, foi o começo de um trabalho para o Brasil embranquecer-se. Mas isso só viria acontecer num futuro remoto, e talvez nunca aconteça. Fico então com essa pergunta: E nós os mestiços que somos a esmagadora maioria, como é que ficamos?

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Maceió, suas belezas e nossa gente, sempre fizeram parte do cotidiano de minhas crônicas publicadas. Assim, de alguma forma eu e tantos outros cronistas locais também torcemos pelo seu título de cidade mais bonita do Brasil. O título de mais violenta, entretanto, é uma maldade, no que pese as coisas escabrosas que acontecem. Talvez seja o carma de nosso primitivismo ignaro, ou pela falta de educação; ou então, quem sabe, por este mundo louco da globalização, para o qual, o Brasil não estava preparado.

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A maldade das piriguetes explorando os pobres homens com a arma da sedução, está se tornando uma questão de ordem pública. Vejo muita reclamação da classe masculina neste sentido. Já as prostitutas devem ser apoiadas, porque de alguma forma elas prestam um serviço.

                                                                                                                 

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Por vezes, casual

13/01/2014 10:23

 

 

Com relação a viagem amigos, eu digo sempre: quem quer vai, quem não vai é porque não quer. Mesmo diante de tantas opções de rotas. Sempre há chances de fazer alguma coisa prolongada ao fim de semana, principalmente quem é da pública, mas há quem não vá. Eu, por exemplo, só decido na hora, pois sou mesmo da casualidade, dependo de olhar o tempo e decidir. Já me conheço, sou de programar e não cumprir, jamais daria pra ser cantor ou político, deixaria o pessoal esperando, sou assim mesmo. A casualidade é minha comodidade. Aquela rua, aquela esquina, aquele saguão e aquela porta diante do meu ócio, dos truques do destino. E depois o vazio de mãos que escorregam e que sorrateiramente se vão, e dobram a calçada, fecham a porta, ou somem como uma quimérica visão, sem deixar vestígios ou sentimentos compartilhados. Embora eu acredite sempre que há um sentimento naquele último olhar de lado, ou naquele aperto de mãos que escorregam até a ponta dos dedos.

E do que mais se precisa se não daquele beijo morno ao ponto, traiçoeiro e fiel, ficante e permanente, e indubitavelmente fadado ao retorno, quando a voz ao telefone se faz sentir como um punhal que lhe paralisa, e lhe tira todas as força, instigando-lhe a não dizer não. E quase como um refém sua voz responde o sim, o sim da verdade, o sim da surpresa, do canto de Ossanha, como disse Vinícius. E resvala o telefone de suas mãos com aquele pequeno nó na garganta, diante de qualquer compromisso que será adiado pelo que se fez fugaz mas intenso, vindo a confirmar que só vale a pena o que é intenso. Mesmo que você não tenha que ir buscar uma flor no abismo, mesmo que você esteja em sua zona de conforto, tem que ser impetuoso pra que se possa sentir e viver.

A ausência também é casualidade inesperada, é intensa, quando você sentiu que ela deu uma sumida, quando o olhar dela sorrateiro sentada de frente pro mar ficou como imagem marcada em suas lembranças. E por onde andou, viajou, você nunca vai ver se ela não lhe revelar no seu olhar profundo e misterioso, e em seu sorriso amigo e natural. E você pergunta porque há de permear entre a simpatia e o mistério essas trapaças do amor, esses denguinhos e afagos em sorrisos na lente mais nítida, e no quadro mais perfeito. Não sei, não sei, só o jogo da casualidade irá dizer, esse jogo cruel que trabalha com a probabilidade do nunca. Mas não soframos, não nos desesperemos, podemos provocar um sol nascente, uma tarde que cai; e com a ajuda dos ventos, quem sabe até, possamos ter um céu estrelado. Um, apenas um, que dependerá de outro, se aquele último olhar da esquina, disser que sim.
 

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Happy Halloween

31/10/2013 20:21

 

O brasileiro vive tanto de copiar o americano que até enche o saco. A festa do Halloween, por exemplo, é um evento da cultura americana, e não tem nada ver com nossa cultura latino-america. Colégios de tradição católica não fazem essa festa pros alunos, justificando tal festa não ser de sua cultura religiosa; o que é louvável, pois cada um tem que assumir um pouco também sua cara. Os estados Unidos, são também um país católico, porém, há uma gama de outras tradições religiosas em que, na cultura de lá, admite tal festa. Vamos ser mais originais gente, e deixarmos de sermos tão deslumbrados pelo colonizador.

São tantas as manifestações culturais que envolvem o tema do imaginário dos mistérios que causam medo e horror em nosso país, que perde-se a conta. De nossa cultura indígena, lembro-me do personagem da Caipora, uma entidade que vive na mata e que pede fumo aos que passam por ela, e quem não oferecê-la seu pedaço de fumo, pode correr riscos terríveis de sua perseguição. Temos a figura do fogo corredor, que na mata persegue de morte aqueles que lhes cruzam o caminho. Há o mito do zumbi da mata, trata-se de um espírito de cavalo que causa pânico em quem encontra-lo. Há o Sacy Pererê, o lubzomem, os exus, o padre sem cabeça, aqui em Alagoas a mulher da capa preta, e o próprio Zé do Caixão; porquê não? Há o caboclo da mata, a mula sem cabeça, e até o ET de Varginha com seu coadjuvante amigo Chupa Cabra. Enfim, a lista de personagem macabros que em nossa cultura existe, dá pra fazer festa halloween à brasileira o ano inteiro.

Então relaxemos um pouco, porque criatividade para o tema não nos faltará; e eu não listo mais personagens porque não pesquisei; e nem precisava, pois todos sabemos de nossas infindas fábulas de mal assombro. Aliás, estes seres entre nós, não estão somente no sobrenatural, o nosso mundinho real também está cheio deles. As páginas estão cheias  todos os dias. Mas, confesso que tais figuras, só têm graça mesmo no fictício mundo imaginário. A propósito, não devemos deixar de relatar, que há mal assombros reais, no trabalho, nas ruas, nas instituições, nas organizações, como nos circos e meios de comunicações. No circo não podemos esquecer a espetacular Monga, a mulher mais bonita do planeta que vira um terrível gorila aterrorizador; lembram da Monga? Nunca mais  a vi; estou com saudades. Até lá Monga! 
 

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Carlos Heitor Cony sobre Joel Silveira

28/09/2013 08:45

 

 


RIO DE JANEIRO - A incapacidade do cronista em fazer frases inteligentes levou-o a admirar aqueles que são capazes de fazê-lo, como Nelson Rodrigues, o mais famoso e citado de todos, seguido de perto por Otto Lara Resende, a quem precariamente substituo neste canto de página desde 1993.
Outro que admiro e louvo é Joel Silveira, que morreu na semana passada. Lembrarei algumas delas. Estávamos presos no Batalhão de Guardas, em São Cristóvão, desde o dia 13 de dezembro de 1968, quando foi baixado o AI-5. Certa manhã, da única janela de que dispúnhamos, vimos chegar ao pátio do quartel um camburão trazendo famoso empresário daquele tempo. Joel encheu o peito e gritou: "Aqui é prisão de subversivo. Prisão de ladrão é em outro lugar!".
Perguntaram a ele qual o jornal mais poderoso do mundo. Joel respondeu que era o "New York Times". E acrescentou: "Se quiserem destruí-lo, basta me chamarem para diretor de redação. Em menos de um mês levo o jornal à falência". Numa reunião com estudantes, quiseram saber de Joel por que nos Estados Unidos não havia golpe de Estado. Ele respondeu na bucha: "Porque lá não tem embaixada americana".
Nascido em Lagarto (Sergipe), Joel se orgulhava de seu burgo natal ter sido o único em que Lampião não entrara. Rubem Braga dizia que em Lagarto não havia nada para assaltar. Joel tinha outra explicação: "É uma cidade boa para se sair, não para se entrar".
Num trabalho que fizemos juntos, na Itália, levei-o para almoçar no Dodici Apostoli, em Verona, quase ao lado da antiga sede da Mondadori. Ele examinou o restaurante, encomendou vários pratos, bebeu duas garrafas de chianti e me pediu: "Manda dizer lá para o Rio que o jornalista Joel Magno Ribeiro Silveira não sai mais daqui".

Mas, amigos leitores do Primeira Edição, no que pese o Cony não declarar-se como um bom frasista, eu particularmente tenho uma boa dele, qual seja: "O parlamento é sobremesa, o banquete é no palácio".

cronicjf@gmail.com


 

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Conciliando o cotidiano

25/07/2013 21:06

 

Você já foi chamado alguma vez de insuportável? Pois se foi, hoje em dia isso é bem natural. As pessoas andam difíceis, sensíveis como peixe e intoleráveis como cão raivoso. Estamos vivendo uma espécie de esquizofrenia social, e que isso está ficando insuportável, levando-nos a uma tática mais defensiva, porque se não o pau quebra, como quebrava na casa de Noca, sem motivos, ou fúteis razões, num total descontrole de emoções. E isso é culpa de quem ou consequência de quê? Da educação, é claro, e da opressão esquerdo-liberal globalizante também. O consumismo tem deixado as pessoas ficarem assim. E a educação perdeu espaço e tem perdido cada vez mais. A educação que eu falo não é só aquela instrutiva da escola. Eu falo da etiqueta, da ética social que também deveria ser disciplina nas escolas. Educação não é só abrir espaços e passar instrução; é humanizar, ensinar as ciências humanas, e não esquecer a etiqueta que, em resumo, é o modo de se comunicar na vida social, é o trato nas relações humanas. Esta disciplina social não existe por acaso, ela tem uma função de facilitar as relações em todos os sentidos, e fecha muitas arestas aos desequilíbrios do dia a dia. É o que vemos faltar hoje em dia. Estamos formando bárbaros consumistas e competitivos, e focando em tecnologias com esse tipo de pessoas. Os bárbaros com a ferramenta tecnológica nas mãos são geradores de altos índices de violência social. O Brasil não estava preparado para essa abertura tecnológica a vinte anos atrás, nem para a globalização e seu consumismo. Tínhamos que ter retardado esse processo e ter investido num processo educacional rígido e hermético, preparando as pessoas para ingressar na modernidade. Por isso que deu no deu, e eu fico com as palavras do humorista Agildo Ribeiro quando dizia que, o que falta no brasileiro é classe, e na verdade, até hoje não tem.

   O comportamento das pessoas hoje em dia é tipo daquele cara que tomou o remédio com whisky, ou seja, explosivo e intolerante logo de início. Então temos sempre que fazer o papel de bombeiros e viver apagando os incêndios hodiernos. E a vida complicou mesmo; sem a etiqueta, e nem o afeto dos pais, estamos já há algumas décadas formando monstrinhos. E isso reflete cá fora na vida civil.

Então quando lhe chamarem de insuportável, isso pode representar amor ou despeita por admiração. Pensemos assim para amenizar os ânimos. Assim deixe lhe chamar pejorativamente por esta palavra mil vezes, porque no fundo quem assim o faz geralmente tem um bom crédito por você, pois no mínimo lhe admira. E as vezes, até já lhe quebrou um galho como também lhe elogiou. Então amemo-nos uns aos outros como Jesus nos amou, porque a vida é um sopro de um minuto. Parafraseemos Oscar Niemayer que morreu ano passado e nos deixou essa “sabença”: A vida é uma mulher do lado, o resto é consequência.

 

cronicjf@gmail.com
 

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